Bolsonaro: Jornalista e indigenista estavam em 'aventura não recomendável'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje considerar uma "aventura não recomendável" a viagem pela região amazônica do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista e servidor da Funai Bruno Araújo Pereira, que estão desaparecidos desde a tarde de domingo (5).
Ambos sumiram depois de uma pausa em uma comunidade ribeirinha, quando estavam fora da terra indígena na região do Vale do Javari, na Amazônia, e voltavam para a cidade de Atalaia do Norte, no oeste do Amazonas. Colaborador do jornal inglês The Guardian, Phillips percorre a região para produzir reportagens.
Questionado sobre o assunto em entrevista ao SBT (veja a íntegra), Bolsonaro respondeu:
"Realmente, duas pessoas apenas em um barco, numa região daquelas, completamente selvagem... É uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados... Tudo pode acontecer. A gente espera e pede a Deus que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região."
Bolsonaro ressaltou que a Marinha tomou conhecimento do desaparecimento no domingo e, desde então, buscas foram iniciadas. "O que nós sabemos até o momento. No meio do caminho, teriam se encontrado com duas pessoas, que já estão detidas pela Polícia Federal. Estão sendo investigadas", completou o presidente.
Na manhã de hoje, o governo se manifestou oficialmente sobre o sumiço de Pereira e Phillips.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que tomou conhecimento da situação "com grande preocupação" e que a Polícia Federal e a Marinha do Brasil estão "tomando todas as providências para localizá-los o mais rápido possível".
"O governo brasileiro seguirá acompanhando as buscas com o zelo que o caso demanda e envidando os esforços necessários para encontrar prontamente o profissional da imprensa britânica e o servidor da Fundação Nacional do Índio. Na hipótese de o desaparecimento ter sido causado por atividade criminosa, todas as providências serão tomadas para levar os perpetradores à Justiça. Os familiares e colegas de trabalho dos desaparecidos serão mantidos a par do progresso das buscas", diz o comunicado.
O desaparecimento foi divulgado na segunda (6) em uma nota assinada pela principal associação indígena do Vale do Javari (Unijava) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI).
A PF (Polícia Federal) prendeu dois suspeitos de estarem envolvidos no caso. Segundo informações do jornal O Globo, a prisão de ambos teria ocorrido no início da noite desta segunda-feira (6). Eles foram encaminhados para a cidade de Atalaia do Norte (AM) para depor à Polícia Civil.
A Unijava e o OPI dizem que a equipe recebeu "ameaças em campo" durante a visita. Em carta reproduzida pelo jornal O Globo, pescadores prometeram "acertar contas" com o indigenista.
A situação movimentou a imprensa internacional, que pede por mais buscas. A família do jornalista diz "temer pela segurança" da dupla.
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