Topo

Esse conteúdo é antigo

Após reunião, PT se posiciona contra abertura de CPI da Petrobras na Câmara

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

21/06/2022 18h06

A bancada do PT na Câmara dos Deputados se posicionará contra a instalação CPI para investigar a política de lucros da Petrobras, afirmou ao UOL o líder da bancada, deputado federal Reginaldo Lopes (MG). A determinação interna, adiantada mais cedo pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, foi cravada após reunião com petistas realizada na tarde de hoje.

A manifestação ocorre no mesmo dia em que o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, apresentou na Casa um pedido de instalação de CPI para investigar a gestão e as políticas de preços e lucros da Petrobras. Para que a proposta comece a tramitar é necessário o apoio de 171 deputados. Até a publicação desta reportagem, 105 deputados haviam assinado o pedido.

O movimento por parte de governistas ocorre após o aumento no preço dos combustíveis anunciado pela estatal na sexta-feira (17), quando a empresa reajustou o valor da gasolina em 5,2% e o do diesel em 14,2%. Na avaliação do PT, no entanto, o governo federal é o real responsável pela disparada dos preços.

Para que seja instalada, após análise do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), os partidos que têm representatividade na Casa precisarão indicar os integrantes para a comissão. "Os partidos têm conversado, cada um com seu convencimento. Os líderes conversarão com seus deputados para dar respaldo ou não a esse pedido. CPI é lícito e normal", afirmou Lira ontem.

O requerimento é proposto por 16 deputados bolsonaristas, entre eles o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Cortês (RJ).

Leia o que diz o PT sobre a possível CPI da Petrobras

Em manifesto assinado pelo líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes, a sigla diz que "o caminho para baixar o preço dos combustíveis não é privatizar a Petrobras" e propõe que "a única maneira de reduzir o valor dos combustíveis é terminar com a dolarização dos preços". Segundo cálculos do partido, os lucros dos acionistas minoritários da empresa podem chegar a quase R$ 200 bilhões em 2022. Leia a íntegra:

"Quando Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foram presidentes, o barril de petróleo chegou a custar 140 dólares, como hoje, e a gasolina custava entre R$ 2,70 e R$ 2,80. O que mudou? O que mudou foi essa privatização parcial e a dolarização de preços com o objetivo de tornar a Petrobras mais atrativa para aqueles que querem comprá-la.

Se o Brasil retomar sua capacidade de refino e produzir petróleo a 40 ou 45 dólares o barril, poderia fazer um 'mix de preços', computando os valores em reais na planilha de composição dos preços. Isso traria preços justos, com a empresa contribuindo para o controle da inflação e o estímulo às atividades econômicas.

É preciso transparência na composição dos preços. A Câmara aprovou, há duas semanas, o projeto 3677/21, de minha autoria, que obriga a Petrobras a deixar nítido a composição de cada item na planilha de custo. Isso chama-se transparência.

A proposta de criação de uma CPI na Câmara é mais uma cortina de fumaça criada pelo governo Bolsonaro para fugir da responsabilidade e iludir a população.

Não é com uma CPI pirotécnica que ele vai iludir a opinião pública. A questão do preço dos combustíveis no Brasil demanda atitude que Bolsonaro, em três anos e meio de governo, não demonstrou: acabar com a dolarização dos preços e diminuir os lucros absurdos dos acionistas, em boa parte estrangeiros que se enriquecem à custa do povo brasileiro.

O Brasil precisa recuperar a soberania nacional, com adoção de uma política por parte da Petrobras que garanta a proteção da vida dos brasileiros e da economia brasileira."