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'Orçamento secreto': apoiadores de Pacheco receberam R$ 2,3 bilhões em 2021

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, foi eleito para o comando da Casa com 57 votos - Edilson Rodrigues/Agência Senado
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, foi eleito para o comando da Casa com 57 votos Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

09/07/2022 09h27

Os 57 senadores que votaram para que Rodrigo Pacheco (PSD-MG) fosse eleito presidente do Senado, em fevereiro do ano passado, receberam ao menos R$ 2,3 bilhões do "orçamento secreto" ao longo de 2021, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo.

De acordo com a reportagem, o valor foi reservado após a confirmação de que Pacheco venceu a disputa para presidir a Casa. O "orçamento secreto" foi como ficaram conhecidas as emendas do relator-geral, que não respeitam critérios de transparência ao destinar recursos da União a parlamentares.

Pacheco foi eleito com apoio do ex-presidente da Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e era o candidato que também contava com o aval do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os 21 senadores que votaram na senadora Simone Tebet (MDB-MS), que hoje é pré-candidata à Presidência e ficou em segundo lugar para comandar o Senado, receberam um total de R$ 130 milhões do "orçamento secreto" no ano passado.

Entre os senadores que apoiaram Pacheco, Marcio Bittar (União Brasil-AC) foi o que ficou com a maior fatia do valor que foi repassado — sozinho, parlamentar recebeu R$ 460,3 milhões. Em segundo lugar aparece a senadora Eliane Nogueira (PP-PI), suplente do ministro Ciro Nogueira (Casa Civil). O valor pago a ela foi de R$ 399,3 milhões.

A lista segue com o próprio Pacheco, que recebeu R$ 180,4 milhões; Daniella Ribeiro (PSB-PB), R$ 115,7 milhões; e Fernando Bezerra (MDB-PE), R$ 143,9 milhões.

Para identificar as cifras destinadas aos senadores que apoiaram um e outro candidato na disputa em 2021, foram consideradas as indicações de emendas encaminhadas pelos próprios parlamentares ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas nem todos informaram os valores recebidos em emendas do "orçamento secreto".

Procurados pelo jornal, 15 parlamentares responderam e negaram que os recursos tenham sido oferecidos por causa do apoio a Pacheco.

Senador disse que recebeu R$ 50 milhões

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada na última quinta-feira (7), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) revelou que recebeu a quantia de R$ 50 milhões em emendas do "orçamento secreto" em razão de ter apoiado a campanha Pacheco para comandar o Senado.

Após a repercussão da entrevista, o parlamentar emitiu uma nota em que chama de "má interpretação" da reportagem e afirma que fez referência a existência de critérios no Senado para indicações transparentes de recursos por senadores.

Conforme disse ao jornal, Do Val ficou sabendo por Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado e um dos coordenadores da campanha de Pacheco, que receberia a "gratidão". A conversa teria ocorrido ao final da disputa, que definiu o nome de Pacheco para chefia da Casa, e a quantia de R$ 50 milhões foi reservada no ano passado para ser executada em 2022.

Eu não sei qual é a conversa que ele [Pacheco] teve em valores com os outros. Para mim, quem me ligou dizendo foi até o Davi [Alcolumbre], não foi nem o Rodrigo. E aí com o Davi que eu perguntei. Eu achei até muito para eu encaminhar para o Estado, mas como questão de saúde, eu não vou negar. Eu perguntei: 'Mas teve algum critério?' Ele só falou: 'Aquele critério que o Rodrigo falou para vocês lá no início'. 'Ah, tá, entendi.' Mas ele falou: 'Só que o Rodrigo te colocou no critério como se você fosse um líder pela gratidão de você ter ajudado a campanha dele a presidente do Senado'. Eu falei: 'Poxa, obrigado, não vou negar e vou indicar'. Senador Marcos do Val (Podemos-ES) ao jornal O Estado de São Paulo

Pacheco foi eleito presidente do Senado em fevereiro do ano passado. O filiado ao PSD derrotou Simone Tebet (MDB) recebendo 57 votos contra 21 da senadora. Três parlamentares não votaram no pleito. O mandato na cadeira principal da Casa vai até fevereiro de 2023.