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Simone Tebet, sobre senador que recebeu R$ 50 mi: 'Versão 2.2 do mensalão'

A senadora Simone Tebet - Pedro França/Agência Senado
A senadora Simone Tebet Imagem: Pedro França/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

08/07/2022 15h07

A pré-candidata do MDB à Presidência e senadora, Simone Tebet (MS), afirmou que perdeu a eleição para presidir o Senado por culpa do orçamento secreto. No início de 2021, ela competiu pelo cargo contra o atual chefe da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ontem, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) revelou ao Estadão que recebeu R$ 50 milhões em emendas após ter apoiado a eleição de Pacheco.

"A declaração comprova o que já sabíamos, só não podíamos provar. O orçamento secreto comprou a eleição para a presidência do Senado. Perdi a eleição para o orçamento secreto. Eis a versão 2.2 do mensalão", falou Tebet ao Estadão hoje, fazendo referência ao escândalo de compras de voto durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O orçamento secreto é um termo para as emendas de relator (RP-9), que ganhou esse apelido devido à falta de transparência na aplicação de seus recursos. Não há um mecanismo claro de acompanhamento de quem é o padrinho das indicações para as emendas de relator nem onde o dinheiro foi aplicado ou o objetivo da ação, ao contrário dos outros tipos de emendas.

Segundo do Val, ele foi informado de que receberia a bolada em "gratidão" após ter votado em Pacheco. O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ex-presidente do Senado e um dos coordenadores da campanha de Pacheco, é quem teria comunicado a do Val que ele receberia os R$ 50 milhões.

Com a repercussão da entrevista, do Val disse ter sido "mal interpretado". "Sobre as específicas indicações que fiz de emendas orçamentárias desde que assumi o mandato, isso é uma prerrogativa parlamentar, totalmente licita, transparente, um compromisso que assumi quando eleito para ajudar o meu estado e seus municípios. Reforço, mais uma vez, que todo o recurso orçamentário recebido foi destinado ao Espirito Santo e por iniciativa própria sempre foram informados na sua integralidade ao Ministério Público do ES. Peço desculpas por eventual mal entendido", escreveu.

Ao jornal, o senador do Podemos explicou que, após ganhar, Pacheco teria conversado com ele sobre a quantia que cada um dos parlamentares e líderes da bancada iria receber em emendas.

O Rodrigo Pacheco virou e falou para mim assim: 'Olha, Marcos, nós vamos fazer o seguinte: os líderes vão receber tanto, os líderes de bancada tanto, essa foi a nossa divisão'. E ele me passou isso porque eu fui um dos que ajudei ele a ser eleito presidente do Senado. E aí eu falei: 'Pô, legal, está transparente e tal'. Aí, ele falou: 'Olha, se a gente conseguir mais uma gordura, eu direciono para você'. Não foi uma coisa: 'Mas eu preciso que você me apoie'

Ao ser questionado se a reportagem poderia ser publicada com o seu nome, Do Val declarou que sim e alegou já ter explicado ao MP (Ministério Público) à época sobre o valor e o destino final dos recursos. O parlamentar também minimizou o caso argumentando que Pacheco "não prometeu" a destinação dos recursos em troca de apoio.

Pacheco foi eleito presidente do Senado em fevereiro do ano passado. O filiado ao PSD derrotou Simone Tebet (MDB) recebendo 57 votos contra 21 da senadora. Três parlamentares não votaram no pleito. O mandato na cadeira principal da Casa vai até fevereiro de 2023.