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Condenado no mensalão, José Dirceu diz que esquema 'nunca existiu'

12.nov.2018 - O ex-ministro José Dirceu em noite de autógrafos para o lançamento de sua biografia, em São Paulo - Sandro de Souza/Framephoto/Estadão Conteúdo
12.nov.2018 - O ex-ministro José Dirceu em noite de autógrafos para o lançamento de sua biografia, em São Paulo Imagem: Sandro de Souza/Framephoto/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

27/07/2022 12h47Atualizada em 27/07/2022 13h13

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) disse, em entrevista à BandNews FM de Manaus (AM), que o mensalão - esquema de corrupção protagonizado pela sua sigla - "nunca existiu". O petista fez a declaração ao ser questionado sobre a recente troca de farpas entre a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

"Certas coisas não se podem apagar. Houve um golpe, ele era vice-presidente, a Dilma jamais violou a Constituição. Eu, por exemplo, fui condenado no chamado mensalão, que nunca existiu", afirmou.

Em 2012, Dirceu havia sido foi condenado pelo esquema de compra de votos a 7 anos e 11 meses de reclusão, mais multa, e foi preso em 15 de novembro de 2013. Porém, em 2016, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), extinguiu a pena argumentando que "o sentenciado [Dirceu] é portador de bom comportamento e não praticou infração disciplinar de natureza grave".

"Um juiz me condenava sem provas porque a literatura permitia. O outro disse que o ônus da prova cabia aos acusados, no nosso caso. E o outro me condenou pelo domínio de fato, mas aí o autor veio ao Brasil e disse que não cabia. Então são condenações políticas. No caso da cassação da Dilma, foi (uma cassação) política com anuência do Poder Judiciário. Eu sempre falo que foi um golpe parlamentar-judicial", acrescentou Dirceu.

No último dia 22, Dilma respondeu, por meio de uma carta aberta, a comentários feitos por Temer durante uma entrevista ao UOL — na qual disse que Dilma era "honestíssima" e que o impeachment de 2016 ocorreu devido a "dificuldades em se relacionar" da mandatária.

A ex-presidente define Temer como "alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes", e cita projetos do emedebista que "não estavam presentes nos planos dos governos eleitos em 2010 e 2014", os quais Temer integrou como vice-presidente.

Conflito entre alas do MDB

Durante a entrevista, José Dirceu também falou sobre o conflito interno entre alas do MDB. Enquanto uma parcela dos emedebistas defende a candidatura de Lula, outra parte apoia o nome da senadora Simone Tebet (MS) na disputa.

"A questão da aliança com o MDB se dá da Bahia até o Pará, e do Amazonas ao Mato Grosso. É um bloco do MDB que optou por apoiar o presidente Lula, por achar que é necessário vencer Jair Bolsonaro e não ter uma candidatura própria. Lógico que a convenção do MDB que vai resolver isso, ela é soberana (...) O que eles vão fazer disso? Vão expulsá-los? Mas aí acaba o MDB".

A convenção que deve oficializar o nome de Tebet à disputa acontece hoje. Ontem, o ministro Edson Fachin, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), negou ação apresentada por uma ala do MDB ligada ao senador Renan Calheiros (AL) contra a realização da convenção da legenda.