'Capitã Cloroquina', Mayra Pinheiro receberá honraria médica de Bolsonaro
A médica pediatra Mayra Pinheiro, que ficou conhecida como "Capitã Cloroquina" por atuar na defesa do medicamento de mesmo nome contra a covid-19 — apesar da ineficácia comprovada do remédio —, será uma das homenageadas com a Ordem do Mérito Médico este ano, honraria destinada a profissionais que prestaram "serviços notáveis" ao país por meio da atuação médica.
Em ofício obtido pelo UOL, Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, convida Mayra Pinheiro para a cerimônia de entrega da honraria, que será concedida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 5 de agosto, Dia Nacional da Saúde, as 11 horas.
Criada em 1950, a Ordem do Mérito Médico é fruto de uma indicação do ministro da pasta, que tem os nomes referendados pelo Planalto. Os indicados devem ter prestado "serviços notáveis ao país", se distinguido "no exercício da profissão ou no magistério da medicina" ou enquanto "autores de obras relevantes para os estudos médicos".
Mayra ocupou o cargo de secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde entre 2019 e fevereiro de 2022, quando foi exonerada para atuar brevemente no Ministério do Trabalho e Previdência.
Pela atuação no cargo de Saúde durante a pandemia, ela foi convocada a depor na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado no ano passado. Senadores a acusaram de fazer apelos para o uso da cloroquina antes do colapso por falta de oxigênio em Manaus, inclusive por meio de um aplicativo, o que ela negou. Mayra também rejeitou que a defesa do medicamento tenha sido uma ordem ou influência de Bolsonaro sobre seu posicionamento enquanto secretária.
No relatório final da CPI, a comissão recomendou que Mayra Pinheiro fosse indiciada pelos crimes de epidemia com resultado morte, prevaricação e por crimes contra a humanidade previstos no Tratado de Roma.
Recentemente, a médica foi derrotada na Justiça em uma ação movida contra Omar Aziz (PSD-AM), senador que presidiu a CPI da Covid. Mayra denunciou o parlamentar por crimes de calúnia, difamação, injúria e violência psicológica contra a mulher, o que foi negado pelo ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), em decisão de 30 de maio.
Em outubro do ano passado, Aziz afirmou que Mayra Pinheiro, atualmente pré-candidata a deputada federal pelo Ceará, "usou o Amazonas como cobaia" e "é responsável por milhares de mortes" devido ao apoio à cloroquina contra a covid-19.
Nas redes sociais, Mayra, que deixou o governo em março para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Ceará, comemorou a indicação. "O reconhecimento por parte de nosso presidente Jair Messias Bolsonaro é motivação para continuar as batalhas em defesa da vida e da liberdade", escreveu no Instagram.
O Ministério da Saúde e a Presidência da República foram procurados para informar os outros homenageados pela Ordem do Mérito Médico este ano, mas ainda não responderam.
*Com informações de Caíque Alencar, do UOL
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