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Bolsonaro fala em 'ditadura' na pandemia e cobra signatários de 'cartinha'

Do UOL, em Brasília

03/08/2022 09h56

Durante participação em um culto na Câmara dos Deputados hoje (3), o presidente Jair Bolsonaro (PL) distorceu fatos sobre a pandemia da covid-19, comparou as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos à ditadura e voltou a criticar os signatários da "Carta pela Democracia", lançada na semana passada por juristas e pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo).

"Na pandemia vimos... Fizeram barbaridades. Ninguém falou a palavra democracia, tudo podia ser feito. Fui contra tudo isso, até quando certos direitos foram suprimidos por governadores e prefeitos. Vocês sentiram um pouco do que é ditadura. Nenhum daqueles que assinam 'cartinhas' por aí se manifestaram naquele momento", disse.

Apesar das críticas do presidente, que mesmo no auge da crise sanitária do coronavírus defendeu a retomada das atividades econômicas, as medidas adotadas por estados e municípios, principalmente o isolamento social, foram aprovadas e recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e por especialistas, além de contarem com o aval do STF (Supremo Tribunal Federal).

Candidato à reeleição, Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e os evangélicos integram sua base eleitoral. Segundo o Datafolha divulgado na semana passada, ele ampliou sua vantagem numérica sobre Lula entre os fiéis. O atual mandatário oscilou de 40% para 43% das intenções de voto entre os que se dizem evangélicos, enquanto o petista saiu da marca de 35% para 33%.

Carta pela Democracia

Bolsonaro tem criticado a iniciativa de promover uma carta pela democracia. Ele até chegou a ironizar o documento no último 29 de julho, nas redes sociais. Em uma breve texto, escreveu o que seria uma carta assinada por ele com o título "Carta de manifesto em favor da democracia". O comunicado tem uma frase: "Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia".

Já assinaram o manifesto pela democracia representantes de vários setores da sociedade civil, como empresários, juristas, associações que reúnem bancos e porta-vozes do setor industrial, algumas das maiores centrais sindicais do país, como a CUT (Central Única de Trabalhadores) e a Força Sindical, artistas, intelectuais e acadêmicos.

Reza contra comunismo

No evento de hoje, Bolsonaro contou ainda que tem o hábito de rezar ao acordar e sempre pede que o povo brasileiro "não sinta as dores do comunismo" e que a a liberdade da população "não seja tolhida".

Ele estava acompanhado de aliados, como o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e parlamentares, como os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Marco Feliciano (PL-SP), amigo próximo de Bolsonaro, e Lincoln Portela (PL-MG), vice-presidente da Câmara.

Bolsonaro voltou a dizer para os colegas "não quererem sua cadeira" na Presidência, porque acontece "sofrimento, ataques, covardia e perseguições". "Aqueles que acham e dizem que liberar drogas é solução para desencarceramento, aqueles que falam em ideologia de gênero com tremenda naturalidade", declarou.

E completou: "Queremos para os nossos filhos que cresçam saudáveis e também respeitadores e respeitados no futuro, que formem suas famílias, sigam nossas tradições, sejam úteis e estejam ao lado da palavra do criador".