Gabriel Monteiro: Bens declarados equivalem a só 3 meses de ganho com canal
O vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL) declarou à Justiça Eleitoral que possui cerca de R$ 428 mil em bens, incluindo carros e investimentos.
No entanto, o vereador afirmou ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal do Rio que recebia R$ 150 mil mensais com seu canal no YouTube. Ou seja: todo o valor declarado por Monteiro corresponde a menos de três meses de ganhos na internet.
Do início de seu mandato até abril deste ano, quando o YouTube desmonetizou o canal do vereador —que tem 6,3 milhões de inscritos—, Monteiro arrecadou cerca de R$ 2,4 milhões, levando em conta os R$ 150 mil mensais relatados ao Conselho de Ética.
No entanto, os ganhos podem ter sido maiores. Ex-assessores de Monteiro relataram ao conselho que ele faturava o dobro com o canal no YouTube: R$ 300 mil por mês.
Procurado via assessoria de imprensa, Gabriel Monteiro não se pronunciou para dar a sua versão sobre os ganhos.
Veículos e contas bancárias concentram patrimônio
De acordo com a declaração de Monteiro à Justiça Eleitoral neste ano, a maior parte do seu patrimônio está concentrada em três veículos (R$ 270 mil), sendo um deles no valor de R$ 190 mil.
O total declarado (R$ 428 mil) é mais de três vezes maior do que o informado em 2020, nas eleições que o levaram à Câmara Municipal do Rio.
Na época, o ex-PM já tinha seu canal havia mais de um ano e declarou possuir R$ 101 mil em bens — um veículo de R$ 21,5 mil e cerca de R$ 79 mil em uma conta corrente.
Ou seja, somente um dos veículos declarados neste ano é maior do que o total de bens em 2020.
O vereador também declarou neste ano que tem cerca de R$ 90 mil contas correntes, R$ 14 mil em poupança e mais R$ 50 mil em investimentos. Ainda há declarados R$ 5.000 em "quotas ou quinhões de capital".
Relator pede cassação de mandato
O vereador do Rio Chico Alencar (PSOL) apresentou ontem relatório em que pede a cassação de Monteiro, com base em denúncias de estupro feitas por quatro mulheres, prática de assédio moral e sexual contra assessores do mandato de Monteiro e outros cinco motivos.
Para exemplificar, o vereador do PSOL cita o canal de Gabriel Monteiro no YouTube e avalia que o vereador "se transforma em produto audiovisual monetizável", o que "transforma o próprio mandato parlamentar em mero departamento da empresa de comunicação" dele.
Na conclusão, o relator do processo no Conselho de Ética diz que o vereador praticou "atos incompatíveis com o decoro parlamentar", como gravar e armazenar imagens íntimas de uma adolescente de 15 anos.
A defesa de Gabriel Monteiro afirmou ao UOL que só irá se pronunciar após a análise do relatório.
Após a apresentação do relatório, o conselho fará uma votação na próxima semana. Fontes afirmaram ao UOL que o relatório de Alencar deve ser aprovado por unanimidade.
O eventual pedido de cassação será então votado no plenário da Câmara Municipal —se aprovado, Monteiro terá o mandato cassado.
Em resumo, as condutas de Gabriel Monteiro que ferem a ética, de acordo com Alencar, são:
- Filmagem e armazenamento de vídeo em que o mesmo pratica sexo com adolescente;
- Exposição vexatória de crianças, por meio da divulgação de vídeos manipulados;
- Exposição vexatória, abuso e violência física contra pessoa em situação de rua;
- Assédio moral e sexual contra assessores do mandato;
- Perseguição a vereadores com a finalidade de retaliação ou promoção pessoal;
- Uso de servidores de seu gabinete parlamentar para a atuação em sua empresa privada;
- Denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi.
Alencar vê humilhação pública em 'experimentos sociais'
O relatório classifica como "sádica" uma encenação ordenada por Monteiro na Lapa, centro do Rio. Na ocasião, apontam as investigações, um assessor de Monteiro ofereceu R$ 400 para que um homem em situação de rua jogasse a bolsa de uma mulher —também assessora do vereador— na calçada.
Após relutar, o homem aceitou o "desafio" da equipe de Monteiro e, logo depois, começou a ser ameaçado por outros funcionários do parlamentar e pelo próprio, que surgiu para "salvar" a mulher.
Um dos assessores do gabinete de Monteiro, Pablo Foligno, expôs inclusive sua arma de fogo durante uma ameaça de morte contra o homem, que disse ter aceitado jogar a bolsa na rua porque estava com fome.
Alencar ressalta que toda a cena foi parcialmente financiada com dinheiro público, uma vez que os "atores" eram funcionários da Câmara Municipal, no gabinete de Monteiro.
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