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Coronel indicado pela Defesa para audição já divulgou fake news sobre urnas

Facebook tarjou como falsas diversas publicações do oficial - TSE
Facebook tarjou como falsas diversas publicações do oficial Imagem: TSE

Do UOL, em São Paulo

05/08/2022 16h32Atualizada em 05/08/2022 19h27

O coronel Ricardo Sant'ana, um dos nove oficiais enviados pela Defesa para inspecionar o código-fonte das urnas eletrônicas, fazia diversas postagens em apoio ao presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, inclusive com fake news sobre o próprio sistema eletrônico de votação.

O caso foi reportado pelo colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, e confirmado pelo UOL.

A inspeção começou na última quarta-feira (3) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e deve prosseguir até o dia 12 de agosto. Porém, o código-fonte das urnas está disponibilizado desde outubro de 2021 a todos que irão participar da fiscalização das eleições.

Ricardo tem 47 anos, é oficial desde 1997 e fazia parte do Instituto Militar de Engenharia. Ele assinou em junho um ofício enviado ao TSE pedindo informações sobre às eleições de 2018 e 2014, fazendo coro às desinformações espalhadas por Bolsonaro sobre os pleitos.

Entre as postagens polêmicas, Sant'ana compartilhou uma publicação que comparava as urnas eletrônicas com comprar um bilhete de loteria, pois seria necessário um comprovante impresso. Então ele complementou afirmando que "nenhum país desenvolvido adotou esse sistema", porém as urnas eletrônicas utilizadas no Brasil são vistas internacionalmente como sofisticadas. São pelo menos 23 países que aderiram a esse método, incluindo Canadá, Índia, França, e até alguns estados dos Estados Unidos, segundo informações do TSE.

Coronel compartilhou fake news sobre as urnas eletrônicas com premissas e informações falsas - Redes sociais/ Ricardo Sant'ana - Redes sociais/ Ricardo Sant'ana
Coronel compartilhou fake news sobre as urnas eletrônicas com premissas e informações falsas
Imagem: Redes sociais/ Ricardo Sant'ana

O coronel também publicou que o ex-presidente Lula (PT) teria roubado um faqueiro de ouro da Rainha Elizabeth em 1968, o que é falso e foi tarjado como tal, assim como a postagem citada sobre as urnas. Ainda pior: Ricardo Sant'ana comentou em uma postagem da presidenciável Simone Tebet (MDB), na qual ela dizia que mulheres deveriam votar em mulheres, ao que o oficial respondeu dizendo que "Vaca vota em vaca".

Após divulgação de reportagens na imprensa sobre o teor das publicações feitas em seu Facebook, ele apagou sua conta.

O UOL procurou o Ministério da Defesa que disse que "no âmbito da fiscalização do sistema eletrônico de votação" o trabalho das Forças Armadas é "técnico e realizado de forma coletiva", além de ser "estritamente institucional". Por isso, garantem, não há interferência de posicionamentos pessoais no trabalho da equipe.

"Da mesma forma, entende-se que as outras instituições realizam o trabalho de fiscalização com esse mesmo perfil, ou seja, independentemente das posições pessoais dos integrantes de suas equipes serem contrárias ou favoráveis a uma ou outra corrente política", diz a nota.

O texto também ressalta que entre as entidades fiscalizadoras há "organizações e associações que, ostensivamente, manifestam posições políticas em suas páginas na internet", e que isso não implica prejuízo na fiscalização. Para a Defesa, a pluralidade das entidades fiscalizadoras "é salutar para a transparência".