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Mariliz: Michelle ergue mais um muro e dificulta identificação com mulheres

Colaboração para o UOL, em Maceió

10/08/2022 14h08

A comentarista do UOL Mariliz Pereira Jorge comentou a publicação preconceituosa feita pela primeira-dama Michelle Bolsonaro contra o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio de vídeo compartilhado nas redes, em que relacionou religiões africanas com "trevas", e apontou que isso torna mais difícil a "identificação" das mulheres com o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante o UOL News, Mariliz avaliou que, ao agir dessa forma, Michelle "ergue mais um muro" que dificulta a entrada do presidente Jair Bolsonaro (PL) nessa parcela do eleitorado brasileiro, que simboliza o maior número de votantes no país, além de ser a que mais rejeita o atual mandatário.

Conforme a comentarista, durante os quatro anos de governo Bolsonaro, a primeira-dama não assumiu um papel importante de liderança feminina, não se preocupa em abordar temas importantes para as mulheres, se restringe a fazer aparições em eventos religiosos, e fala apenas para "dentro de uma bolha".

"As participações dela se resumem a falar para esse público que é mais religioso. Você não vê a Michelle Bolsonaro falando de grandes questões que são necessárias na vida das mulheres brasileiras, das mais necessitadas, o que vai se fazer para a mulher que precisa de uma creche. Ela consegue falar daquilo que faz o dia inteiro, que parece que é simplesmente rezar, fala apenas para essa pessoa que reza a mesma reza", declarou.

"Ela conseguiu erguer mais um muro entre essa eleitora que não só é de religião de origem africana, mas essa eleitora que vê um compartilhamento de um post desse e só vê intolerância, ódio, não se identifica com essa figura de uma primeira-dama que os marqueteiros gostariam que as mulheres brasileiras se identificassem. Ela não teve papel de liderança feminina durante o governo, então é difícil transformá-la nessa figura que eles tanto gostariam", acrescentou.

Michelle incentiva intolerância religiosa

A primeira-dama Michelle Bolsonaro compartilhou uma publicação em que afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "entregou sua alma para vencer essa eleição". O texto veio acompanhado por um vídeo que exibe encontros do petista com lideranças de religiões de matriz africana.

Posteriormente, a esposa do petista, a socióloga Rosângela da Silva reagiu e, em resposta à Michelle, disse ter aprendido que "Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e respeito", independentemente da religião.

Para a colunista do UOL, Madeleine Lacsko, Michelle Bolsonaro "sequestrou" o tema religião para essa eleição e, assim, como Jair Bolsonaro fez em 2018 ao criar factoides, transformou o tema espiritual no novo "kit gay" da campanha de seu marido à reeleição.

Recentemente, a primeira-dama chegou a dizer em um culto evangélico que o Palácio do Planalto já foi "consagrado a demônios".

Bolsonaro é o candidato mais rejeitado pelas eleitoras e perde nas pesquisas de intenções de votos para Lula, que tem a preferência dessa parcela de votantes.

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