Topo

Esse conteúdo é antigo

Reinaldo: Bolsonaro faz fala de delinquente e é aplaudido em evento do agro

Colaboração para o UOL, em Maceió

10/08/2022 13h34

O colunista do UOL Reinaldo Azevedo repercutiu a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) na manhã de hoje no Encontro Nacional do Agro, em Brasília, e avaliou que o mandatário proferiu um discurso de "delinquente", com mais ameaças golpistas e contra o sistema eleitoral brasileiro, e foi aplaudido por integrantes do setor ruralista.

"Bolsonaro é um delinquente que quer continuar presidindo o Brasil, porque as declarações que ele fez agora são de um delinquente político, delinquente moral, delinquente ético, delinquente da democracia e, lamento dizer deste modo, em ser aplaudido num evento como esse, também aplaudido por outros delinquentes, porque o que ele estava fazendo ali era ameaçando a golpe, mais uma vez", declarou Azevedo durante o UOL News.

Para Reinaldo, os representantes do setor agro deveriam "ter vergonha de participar dessa conversa", além de propiciarem palanque para "campanha ilegal" a favor do governo. Conforme o colunista, a fala de Bolsonaro com xingamentos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com piada homofóbica a ex-ministros, foi uma "pregação eleitoral".

Reinaldo Azevedo também ponderou que uma parte importante do agronegócio brasileiro já declarou apoio a Lula, e avaliou que apenas a parcela do agro apoiadora de Bolsonaro é aquela composta por "madeireiros ilegais, são aqueles ligados a áreas de exploração de garimpo e ao desmatamento, porque sabem que precisam das delinquências desse governo para existir".

Bolsonaro em evento agro

Jair Bolsonaro esteve hoje no Encontro Nacional do Agro, em Brasília. O evento, que mais pareceu uma convenção partidária, serviu para o atual mandatário fazer novos ataques a seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente acusou o rival de querer "regular a produção agrícola" e disse que ele removeu tal proposta de seu programa de governo por conveniência eleitoral. "O cara já retirou do programa de governo dele. Malandro como sempre, sem caráter, um bêbado que quer dirigir o Brasil".

"Se colocar uma pessoa com certos vícios para pilotar essa Ferrari, ela vai capotar na primeira curva. O Brasil só não capotou porque é muito grande", disse Bolsonaro, em tom debochado, com o objetivo de atacar o petista.

Confortável em clima de apoio irrestrito, Bolsonaro fez um longo discurso hoje e chegou a pedir aos organizarem do evento mais espaço de fala. Ele também fez piada de cunho preconceituoso ao associar políticos de esquerda —e/ou ideologicamente alinhados ao espectro de esquerda— à obesidade. Para o pleiteante à reeleição, enquanto o povo passa fome, tais lideranças políticas se aproveitam do poder.

Ataque às urnas

Tema recorrente no palanque bolsonarista, a confiabilidade da urna eletrônica voltou a ser questionada pelo presidente da República. O candidato do PL voltou a insinuar que o sistema é frágil e que pode haver suspeições ao fim do processo de votação, em outubro. A versão é desmentida pelas autoridades do Judiciário brasileiro e atualmente conta com o endosso apenas de setores pró-governo, como o Exército e a militância radicalizada.

"Nós temos, mais que o dever, o direito de aperfeiçoar as instituições, desconfiar, debater. Ninguém tem o poder de falar 'eu que mando, ninguém mete a colher, é assim e quem for contra está atacando a democracia'. Nós queremos transparência, queremos a verdade e queremos terminar as eleições sem quaisquer desconfianças, seja qual for o lado."

Desde que as urnas eletrônicas foram implementadas —parcialmente em 1996 e 1998, e integralmente a partir de 2000— nunca houve comprovação de fraude nas eleições brasileiras, mesmo quando os resultados foram contestados. A segurança da votação é constatada pelo TSE, pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.

Veja mais análises de Reinaldo Azevedo e notícias do dia no UOL News: