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Cardozo: Bolsonaro faz ameaça implícita ao STF sobre decisão de Fachin

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/09/2022 10h55

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) hoje. Durante entrevista concedida à Jovem Pan, ele criticou a decisão do ministro Edson Fachin de suspender trechos de decretos que facilitaram a compra e o porte de armas de fogo. Bolsonaro disse que, acabando as eleições, "essa questão" seria resolvida "em uma semana". Ao UOL News, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, filiado ao PT, afirmou que a fala do chefe do Executivo representa uma ameaça implícita à Corte.

"Vejo uma ameaça implícita, ele apenas mudou o momento da ameaça. Antes, a ameaça era antes da eleição e a partir do ato do 7 de Setembro, como foi no ano passado. Agora ele está dizendo 'depois das eleições aguardem, porque eu vou resolver isso'. Como o presidente da República pode resolver uma decisão do STF? Colocando um jeep e soldados para fechar o Supremo? Ou será que, pelo simples fato de ele ser eleito, os ministros vão se debruçar aos seus pés? Eu só posso ver isso como uma ameaça velada grave, mais uma que Bolsonaro faz", disse Cardozo.

O ex-ministro da Justiça também afirmou que Bolsonaro comete um equívoco ao adotar um tom mais agressivo em suas falas, uma vez que ele precisa diminuir sua rejeição dentro do eleitorado brasileiro para vencer as eleições presidenciais.

"Acho que ele começa a incorrer um equívoco; ele deve ter recebido orientações de seus assessores políticos mais experientes para que fosse um pouco mais comedido, porque ele dialoga muito bem com a sua bolha. Ele tem que diminuir a rejeição e ampliar a votação, mas toda vez que ele faz manifestações destemperadas como essa, ele aumenta sua rejeição", finalizou.

Josias: Bolsonaro chama decisão sobre armas de provocação e diz que Fachin favorece Lula

"Em privado, Bolsonaro chamou essa decisão de provocação e acusou Fachin de favorecer Lula, que está prometendo, na campanha, transformar clubes de tiros em bibliotecas", disse o colunista do UOL Josias de Souza sobre a reação de Bolsonaro à decisão do ministro do STF de suspender trechos de decretos que facilitaram a compra e o porte de armas de fogo. Ontem, o presidente usou suas redes sociais para dizer que o "caminho autoritário" "termina em tirania" e que o "mal pode ser confundido com o bem".

Durante o UOL News, Josias relembrou ataques recentes de Bolsonaro a integrantes do STF. "Sem citar o nome do ministro, Bolsonaro reclamou no Twitter, chamou de ação autoritária a ação do ministro, escreveu que abusos podem ser cometidos sob o pretexto de enfrentar outros abusos e acrescentou que o pretexto de combater supostas ameaças favorece os verdadeiros tiranos. Ele chama claramente o ministro Fachin, assim como tinha feito no sábado em relação ao Alexandre de Moraes, de vagabundo. Estamos vendo o presidente da República chamando ministros do Supremo de vagabundos".

Decisão de Fachin é correta, mas tardia: deveria ter sido tomada um ano atrás, diz ex-ministro

"[A decisão do ministro Fachin] é tardia e deveria ter sido tomado um ano atrás. Acho que, lamentavelmente, o ministro Cássio Nunes pediu vista para estudar melhor a matéria e subtraiu aos seus pares do Supremo a possibilidade de decidir isso num tempo oportuno. Agora, na medida em que essa decisão não se deu e os partidos pedem a liminar, a situação de urgência está dada. (...) antes tarde do que nunca", afirmou Cardozo durante participação no UOL News.

Por fim, ele também disse concordar com a decisão de Fachin. "Sinceramente, acho que foi corretíssima a decisão do ministro Edson Fachin. Ele completou-se rigorosamente de acordo com aquilo que a legislação e o regimento do Supremo Tribunal Federal determinam".

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