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'Intenção era me matar, me prender', diz homem ameaçado por Carla Zambelli

Do UOL, em São Paulo e Brasília

29/10/2022 18h37Atualizada em 29/10/2022 18h43

O homem que foi ameaçado com uma arma pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse ao UOL que a intenção da parlamentar e de seus "capangas" era prendê-lo e matá-lo. Ele é jornalista e pediu para não ser identificado temendo represálias pela repercussão do caso.

Zambelli, uma das principais aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi filmada hoje apontando uma arma para um homem no meio de uma rua nos Jardins (zona oeste de São Paulo). No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada.

Pela legislação eleitoral, é proibido o transporte de armas e munições por CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) nas 24 horas anteriores à eleição, assim como no dia e nas 24 horas posteriores ao pleito.

O rapaz, que é negro, afirmou que a confusão começou porque ele encontrou com Zambelli em um bar e a mandou "tomar no cu". Ele relata que as pessoas que acompanhavam Zambelli começaram a filmar a discussão até que o homem disse "te amo, espanhola". Foi neste o momento que Zambelli se desequilibra, quase cai e corre atrás da vítima com a arma.

A ação aconteceu na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena. Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o homem mais de uma vez "deita no chão". Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma voz afirma "ela quer me matar, mano". Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.

Ele diz ter ouvido um disparo, mas que não viu quem o efetuou. O homem relatou que Zambelli e os homens que a acompanhavam ordenaram que ele deitasse no chão, o que ele não atendeu. Depois da confusão, sempre de acordo com o relato do jornalista, Zambelli pediu que ele gravasse um vídeo pedindo desculpas pela confusão, o que ele também recusou.

Um vídeo obtido pelo UOL confirma parte do relato do jornalista. Nessas imagens, na alameda Lorena com a rua Capitão Pinto Ferreira, um grupo de homens circula ao redor de Zambelli e ela cai, sem ninguém empurrá-la. "Xingou de boiola", acusou um deles.

Ela levanta e começa a correr atrás de dois dos homens. Uma pessoa saca uma arma e é possível ouvir um som que seria de um disparo, enquanto mais ofensas são trocadas. "Chama a polícia", grita uma pessoa ao redor. Zambelli continuou correndo atrás de um dos homens, o que entra no bar procurando abrigo.

Zambelli trajava uma camiseta verde escrita "Mulheres com Bolsonaro e Tarcísio". O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputam, respectivamente, a Presidência e o governo de São Paulo amanhã no segundo turno.

"Te amo, espanhola". Em 2019, a então deputada Joice Hasselmann afirmou na CPMI das Fake News que o presidente Jair Bolsonaro perguntou a ela se Carla Zambelli teria trabalhado como prostituta na Espanha. "Quem me perguntou na sala do presidente depois de eleito se você tinha sido prostituta na Espanha foi o presidente", disse Hasselmann.

Em 2021, durante a CPI da Covid, o senador Omar Aziz usou a música de Flávio Venturini para rebater ofensas que recebeu da deputada Carla Zambelli.