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CNT diz respeitar manifestação desde que não atrapalhe direito de ir e vir

31.10.22 - Caminhoneiros em bloqueio na Dutra no dia seguinte à eleição de Lula como presidente - Arquivo pessoal
31.10.22 - Caminhoneiros em bloqueio na Dutra no dia seguinte à eleição de Lula como presidente Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

31/10/2022 18h12

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) se posicionou contra as manifestações e bloqueios de rodovias realizados por caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que ontem foi derrotado nas urnas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em nota, a Confederação afirmou que "a entidade respeita o direito de manifestação de todo cidadão, entretanto, defende que ele seja exercido sem prejudicar o direito de ir e vir das pessoas".

A entidade disse que esse tipo de bloqueio "não contribui para as atividades do setor transportador e, consequentemente, para o desenvolvimento do Brasil".

A CNT ressaltou que as paralisações atingem a locomoção de pessoas que precisam de atendimento médico e dificultam o transporte de "produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis".

Desde ontem à noite, caminhoneiros bolsonaristas fecharam trechos de rodovias em ao menos 16 estados para contestar o resultado das eleições. Pedidos por um golpe de Estado pelo Exército para deixar Bolsonaro no poder fazem parte do movimento e causaram o isolamento da Esplanada dos Ministérios.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) disse que acionou a AGU (Advocacia-Geral da União) para conseguir liberar estradas bloqueadas e afirmou ter adotado todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo nas rodovias afetadas.

Vídeos compartilhados nas redes sociais e informações oficiais das concessionárias das estradas apontam a ação dos manifestantes logo após a vitória do presidente eleito Lula. Alguns motoristas usaram seus próprios caminhões de carga para bloquear as vias. Em outros lugares, pneus também foram queimados.

Segundo um balanço divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) às 16h15 (horário de Brasília), há 136 bloqueios registrados nas estradas federais.

As interdições ocorrem nos seguintes estados, de acordo com a PRF:

  • Acre;
  • Alagoas;
  • Amazonas;
  • Goiás;
  • Maranhão;
  • Mato Grosso;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Minas Gerais;
  • Pará;
  • Paraná;
  • Rio de Janeiro;
  • Rio Grande do Norte;
  • Rondônia;
  • Roraima;
  • Santa Catarina;
  • São Paulo.

Pedido de golpe

Em uma das gravações à qual o UOL teve acesso, um dos supostos líderes da manifestação diz, em tom de ameaça, que todos os caminhoneiros só sairão das ruas quando o Exército tomar o poder.

Eu estou com lideranças do Brasil inteiro. São 256 pessoas. Travou o Brasil. Travou. Não podemos liberar. [São] 72 horas para o Exército tomar conta. Se nós precisar (sic) ficar além das 72 horas... travou, não libera nada. Joinviille, Criciúma, São Paulo, Rio de Janeiro...geral. Deu, acabou. Não tem político nenhum que vai chegar perto de nós e dizer: 'vocês não podem pedir intervenção militar ou qualquer coisa'. Nós só saímos das ruas na hora em que o Exército tomar o país
Manifestante, em vídeo

"Nós não vamos aceitar essa roubalheira, não", disse outro manifestante, em uma gravação nas redes sociais.