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Santos Cruz: Bolsonaro criou narrativa de militares salvadores, mas não são

Colaboração para o UOL

03/11/2022 11h22

O general Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que as Forças Armadas não são salvadoras da pátria. Em participação no UOL Entrevista de hoje, ele disse que o presidente criou essa ideia.

Ir para frente dos quartéis é um problema de manipulação da população, com a ideia de que precisamos de uma intervenção militar para salvar o Brasil. É uma ideia que o governo vem tentando, ao se confundir com a instituição militar, desde o início, falando 'minhas Forças Armadas', 'o meu exército'. Isso vai criando um ambiente que Forças Armadas são a salvação. Salvação é o povo e suas instituições.
General Carlos Alberto Santos Cruz, no UOL Entrevista

O ex-ministro disse que os protestos antidemocráticos de bolsonaristas acontecem por causa de fake news divulgadas ao longo do governo de Bolsonaro.

"É um problema sério, decorrente de um longo processo de manipulação, onde a indústria de fake news foi se aperfeiçoando, principalmente com recurso de redes sociais. Essa indústria de fake news foi minando a opinião pública, com um profissionalismo de fake news, com teorias da conspiração", explicou o general.

O ex-aliado de Bolsonaro também apontou a responsabilidade do presidente nesses protestos. "A responsabilidade de uma autoridade é transmitir tranquilidade e segurança para população que ele governa. Isso precisaria ser feito. No caso da pandemia ele não transmitiu tranquilidade. E na eleição não transmitiu tranquilidade."

"Tem que aceitar resultado. Quando aceita resultado, transmite uma noção institucional para a população. Essa demora para aceitar o resultado e construir os próximos passos é um problema comportamental, que estimula esse tipo de coisa", acrescentou.

Dois dias após perder nas urnas, Bolsonaro quebrou o silêncio e fez um pronunciamento. Com um discurso de dois minutos e três segundos, ele agradeceu os votos recebidos no último domingo (30), mas não reconheceu a vitória do adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Santos Cruz também disse que "problemas comportamentais" do atual presidente contribuíram para a vitória de Lula. "Bolsonaro criou as condições de retorno do PT. Não houve essa percepção. E o problema comportamental do presidente Bolsonaro causou um desgaste. Se ele fizesse um governo razoável, teria mais chances de ser reeleito."

Santos Cruz: "Expectativa é boa sobre governo Lula"

Santos Cruz não revelou em quem votou no segundo turno. Só afirmou que não votou em Bolsonaro, mas ressaltou que o voto em branco era uma opção. Depois comentou sobre a expectativa para o governo de Lula e mostrou otimismo.

A expectativa é que ele tenha uma visão social maior. E precisa de um governo de união nacional. O discurso após eleição foi muito bom. Começou com um ponto da união nacional, de ser um presidente para todo mundo. Isso é fundamental. A expectativa é que seja um governo que diminua o conflito. O Brasil está cansado.

Santos Cruz também pediu transparência, foco nos mais pobres e o fim da possibilidade de reeleição.

Não há risco algum de golpe militar, diz general

Santos Cruz está na reserva das Forças Armadas atualmente e avaliou que os militares não fariam uma intervenção militar.

Não há risco nenhum de golpe militar. Não tenho contato hoje, mas estou falando pela experiência que tenho no Exército. Os comandantes são pessoas preparadas, filtradas, passaram por processo seletivo. Eles não vão tomar uma atitude fora da Constituição e desrespeitar o resultado de uma eleição em que maioria do povo brasileiro fez sua opção.

O UOL Entrevista vai ao ar às segundas e quintas-feiras, às 10h.

Onde assistir: ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja o UOL Entrevista na íntegra: