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Tapador de buracos: quem é o homem das caretas no discurso de Bolsonaro?

Quem é o homem que fez careta durante pronunciamento de Bolsonaro? - Reprodução
Quem é o homem que fez careta durante pronunciamento de Bolsonaro? Imagem: Reprodução

Matheus Brum

Colaboração para o UOL

04/11/2022 09h39

Dois dias após ser derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou a imprensa para um rápido pronunciamento. Em pouco mais de dois minutos, agradeceu os mais de 58 milhões de votos, falou sobre os bloqueios nas estradas ao redor do país e não parabenizou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela vitória no pleito.

Além da demora em se pronunciar e do pouco tempo de fala, outra situação chamou a atenção de quem acompanhou o discurso: as caras e bocas de um assessor de Bolsonaro, que estava um pouco atrás do presidente. Logo as cenas se tornaram virais e se espalharam como memes pelas redes sociais.

O homem em questão é Flávio Augusto Viana Rocha, de 59 anos, almirante de esquadra da Marinha e Secretário Especial de Assuntos Estratégicos desde fevereiro de 2020. Nascido em Fortaleza, entrou para a carreira militar em 1981. Como oficial da Marinha, foi seis vezes titular de unidade militar: três comandos no mar e três unidades como almirante.

O currículo de Flávio Augusto é marcado por formações e titulações, incluindo uma experiência internacional na Academia Naval dos Estados Unidos da América em Annapolis.

Conheceu Bolsonaro no Congresso

A relação de amizade entre Flávio e Jair Bolsonaro começou na Câmara dos Deputados. Entre 2002 e 2006, Flávio Rocha atuou como assessor parlamentar da Marinha no Congresso.

Bolsonaro - Reprodução - Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante primeiro pronunciamento após a derrota das eleições
Imagem: Reprodução

Em 2020, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro convidou Flávio Rocha para assumir a SAE (Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos). Na época, segundo o jornal, era uma forma de blindar a ala ideológica do governo que tinha muito acesso ao presidente Bolsonaro. Flávio trabalha no mesmo andar do presidente, no Palácio do Planalto.

Em entrevista para o jornal, Bolsonaro destacou que Flávio tinha qualidade para ser ministro. "Estamos comprando o passe dele da Marinha. Ele vem trabalhar com a gente aqui. Está quase certo. Não vai ser ministro, não, apesar de ele merecer", disse o presidente. Na época da nomeação, Flávio era comandante do 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro.

Ao longo desses dois anos e meio desde que tomou posse na SAE, Flávio Rocha foi cotado algumas vezes para assumir um ministério. Em outubro de 2020, foi cotado para substituir Jorge Oliveira na Secretaria-Geral da Presidência. Em março de 2021, foi cotado para substituir Ernesto Araújo no comando do Ministério das Relações Exteriores. Em nenhum dos casos foi o escolhido.

Mesmo sem comandar algum Ministério, Flávio ajudou a "tapar buracos" da gestão Bolsonaro. De forma interina, assumiu o comando da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) após a exoneração de Fábio Wajngarten em março de 2021. Também auxiliou Nelson Teich quando assumiu o Ministério da Saúde no lugar de Luiz Henrique Mandetta (União).

Fluente em seis idiomas, Flávio Rocha se tornou uma espécie de "resolvedor de problemas" de Bolsonaro, segundo O Estado de S. Paulo. Ele ajudava no contato com líderes estrangeiros e também na articulação com outros poderes. Organizou um jantar entre Bolsonaro e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, que deixava a presidência da Corte no feriado de 7 de setembro de 2020, marcado por atos antidemocráticos com participação do presidente.

Durante o governo, Flávio liderou a comitiva que foi até o Líbano em missão humanitária após a explosão no Porto de Beirute que deixou 170 mortos, em agosto de 2020. Por sugestão dele, o governo escolheu o ex-presidente Michel Temer (MDB) para chefiar a missão.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.