Justiça mantém prisão do ex-vereador Gabriel Monteiro
A juíza Rachel Assad da Cunha manteve, em audiência de custódia realizada na tarde de hoje, a prisão do ex-vereador Gabriel Monteiro (PL). Ele é suspeito de ter estuprado uma mulher de 23 anos, em julho, e foi detido na noite de ontem após se apresentar na 77ª DP, em Niterói (RJ).
A magistrada também atendeu a um pedido da defesa de Monteiro para que o ex-vereador fique em "um presídio que assegure a sua integridade física". Durante a audiência, os advogados alegaram que ele deveria estar em uma unidade compatível com a sua condição de ex-policial militar, "que teria feito prisões na função e sofrido tentativas de homicídio".
O ex-vereador está no presídio de Benfica, na zona norte do Rio, onde aguarda a transferência. Ele teve a prisão preventiva decretada ontem pelo juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal do Rio. O processo tramita em segredo de Justiça.
Sandro Figueiredo, um dos advogados de defesa de Monteiro, alega que seu cliente é inocente e que "utilizará dos mecanismos jurídicos legais para buscar o restabelecimento da liberdade" do ex-vereador.
Arma no rosto. De acordo com o depoimento da vítima, ao qual o UOL teve acesso, após deixarem uma boate na Barra da Tijuca (zona oeste) e seguirem para uma casa no Joá (zona sul), que pertencia a um amigo de Monteiro, o ex-vereador procurou um quarto desocupado. "Em seguida, Gabriel Monteiro teria trancado a porta, retirou a arma da cintura e passou no rosto da declarante e começou a rir", diz um trecho do depoimento.
"Na sequência, ele partiu para cima da declarante pra tirar a sua roupa de forma violenta, porém, a declarante teria dito que tiraria a própria roupa e que ele tirasse a dele; que, após a declarante tirar a roupa, Gabriel a empurrou de forma violenta sobre a cama e começou a ter relação sexual de forma também violenta e sem preservativo", segundo relato da vítima à polícia.
Ainda neste momento, a mulher afirma que Monteiro tentou gravá-la com a câmera do celular, mas não conseguiu porque o aparelho estava descarregado. Em outro caso, já em fase de processo judicial, uma adolescente acusa o ex-vereador de tê-la gravado enquanto praticava sexo com ela.
Durante a relação, Monteiro, ainda de acordo com o relato da vítima, teria iniciado uma série de perguntas, e a cada resposta da vítima ela recebia uma tapa violento no rosto.
"A cada pergunta respondida ou não, recebia um tapa no rosto muito forte, quais sejam: você é minha? você está gostando? Se eu pedir para você ficar com um dos meus seguranças na minha frente, você ficaria? Que ao responder que não ficaria com o segurança, recebeu um tapa no rosto muito forte. Na segunda vez, que ele perguntou novamente sobre o segurança, com medo respondeu que sim, porém recebeu um tapa mais forte e que Gabriel disse que ela não tinha personalidade."
A mulher contou que, neste momento, o ex-vereador a segurou pelos dois braços, impedindo-a de reagir. Em seguida, em uma tentativa de se desvencilhar e proteger suas partes íntimas, Monteiro a ameaçou. "Se você continuar assim, vai ser pior. Eu vou lhe espancar", relatou.
Ainda de acordo com o depoimento, o ex-parlamentar disse à vítima que, caso ela engravidasse, "seria uma honra" e que ele "assumiria".
Seguranças ofereceram ajuda. A vítima disse ainda à polícia que deixou o quarto após Monteiro dormir. Ao se deparar com os seguranças do ex-vereador, eles ofereceram um copo d'água. Um deles perguntou se a vítima gostaria de ir à delegacia.
Com medo de ser morta, ela se recusou a prestar queixa na Polícia Civil, na ocasião.
Após a prisão, o ex-vereador divulgou um vídeo, em sua página no Instagram, afirmando que se apresentou espontaneamente à polícia e que acredita que sua inocência será provada.
"Fiquei sabendo pela minha advogada que foi decretada a minha prisão preventiva por um crime que não fui escutado na delegacia. Respeito as autoridades, por isso que, assim que fiquei sabendo, vim imediatamente me entregar à Justiça, porque acredito que minha inocência será provada."
Busca em casa. A Polícia Civil cumpriu na manhã de hoje mandados de busca e apreensão na casa de Monteiro (PL-RJ). A operação tinha como objetivo apreender um aparelho celular de Monteiro, além de uma arma que o ex-parlamentar teria utilizado durante o estupro do qual é acusado.
Perda de mandato e acusações de abuso sexual. Gabriel Monteiro foi cassado na Câmara Municipal em 18 de agosto, quando já era candidato a deputado federal, após uma série de denúncias de estupro e assédio moral e sexual.
Depois de a TV Globo revelar um áudio no qual Monteiro dizia "gostar de novinha", ele teve o apoio de apenas dois colegas no plenário —48 vereadores votaram favoravelmente à cassação. No pedido de cassação, o vereador Chico Alencar (PSOL), relator do processo no Conselho de Ética, afirmou que Monteiro praticou "atos incompatíveis com o decoro parlamentar", como gravar e armazenar imagens íntimas de uma adolescente de 15 anos.
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