Topo

Esse conteúdo é antigo

Polícia faz busca por celular e arma na casa de Gabriel Monteiro

Gabriel Monteiro durante votação de cassação de seu mandato, em agosto - Reprodução
Gabriel Monteiro durante votação de cassação de seu mandato, em agosto Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

08/11/2022 13h05Atualizada em 08/11/2022 13h21

A Polícia Civil cumpriu na manhã de hoje mandados de busca e apreensão na casa do ex-vereador Gabriel Monteiro (PL-RJ), que teve sua prisão temporária convertida em preventiva ontem por decisão do juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

A operação tinha como objetivo apreender um aparelho celular de Monteiro, além de uma arma que o ex-parlamentar teria utilizado durante um dos estupros do qual é acusado. O processo corre em segredo de Justiça.

Após a conversão da prisão em preventiva, o ex-vereador se apresentou à 77ª DP (Delegacia de Polícia), em Icaraí, bairro de Niterói, para que o mandado fosse cumprido.

Já na manhã de hoje, Monteiro foi transferido para o presídio de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro.

Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, o ex-parlamentar teria apontado uma arma para uma mulher de 22 anos, com quem teria mantido relações sexuais não consensuais. Ele também teria tentado filmar o ato.

A mulher afirma que Monteiro teria se recusado a usar preservativo, motivo pelo qual ela teria contraído HPV.

Segundo a denúncia, a mulher teria conhecido Gabriel Monteiro em uma boate, na Barra da Tijuca, e ido para a casa de um amigo do político, onde ela teria sido levada até um quarto.

"O denunciado a empurrou de forma violenta sobre a cama e começou a ter relação sexual de forma violenta, mesmo sem preservativo, mesmo após os apelos da vítima para que não mantivesse relações sem camisinha", diz um trecho da denúncia.

Perda de mandato e acusações de abuso sexual. Gabriel Monteiro foi cassado na Câmara Municipal em 18 de agosto, quando já era candidato a deputado federal, após uma série de denúncias de estupro e assédio moral e sexual.

Depois de a TV Globo revelar um áudio no qual Monteiro dizia "gostar de novinha", ele teve o apoio de apenas dois colegas no plenário —48 vereadores votaram favoravelmente à cassação.

No pedido de cassação, o vereador Chico Alencar (PSOL), relator do processo no Conselho de Ética, afirmou que Monteiro praticou "atos incompatíveis com o decoro parlamentar", como gravar e armazenar imagens íntimas de uma adolescente de 15 anos.

Em resumo, as condutas de Gabriel Monteiro que feriram a ética, conforme Alencar descreveu no relatório votado, foram:

  • Filmagem e armazenamento de vídeo em que o mesmo pratica sexo com adolescente;
  • Exposição vexatória de crianças, por meio da divulgação de vídeos manipulados;
  • Exposição vexatória, abuso e violência física contra pessoa em situação de rua;
  • Assédio moral e sexual contra assessores do mandato;
  • Perseguição a vereadores com a finalidade de retaliação ou promoção pessoal;
  • Uso de servidores de seu gabinete parlamentar para a atuação em sua empresa privada;
  • Denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi.

Antes de ser pivô de um escândalo sexual —que também envolveu denúncias de fraudes em vídeos e uso de pessoal do seu gabinete para obter lucro com seu canal no YouTube—, Gabriel Monteiro era tido como um dos principais puxadores de voto do PL.

Ao menos três ex-assessores de Gabriel Monteiro (PL) relataram que o ex-vereador praticava sexo com menores de idade na presença de seus funcionários e pedia para que as adolescentes mostrassem os seios para eles, segundo relatório apresentado ao Conselho de Ética da Câmara.

Irmã e pai eleitos. Apesar da cassação e investigações, Monteiro conseguiu eleger o pai e a irmã como deputados no Rio de Janeiro.

Gisele Monteiro (PL), irmã de Gabriel, foi eleita para um mandato na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Já Roberto Monteiro (PL) —pai do youtuber— obteve um assento na Câmara dos Deputados.

Ontem, ao se apresentar na delegacia, ele afirmou que é inocente.