Janja diz que críticas a ela têm machismo e fala em ser complemento de Lula
Considerada importante para articulações durante a campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a esposa dele, Rosângela da Silva, a Janja, reconheceu que houve traços de machismo e até mesmo de ciúmes na resistência que parte do entorno do petista teve a ela.
"Houve machismo porque talvez a figura do Lula por si só se bastasse e agora tem uma mulher do lado dele, não que complemente, mas que soma com ele algumas coisas", disse em entrevista à TV Globo. "Hoje acho importante que quem olhe para ele também me veja. Isso não acontecia antes. Só se olhava para ele. Hoje, ele tem um complemento, uma soma, que sou eu. Não é porque eu estou do lado dele. É porque eu sou essa pessoa propositiva, que não fica sentada, que vai e faz".
Na entrevista, a socióloga disse ainda que não se importava com as críticas, ligando somente para o que o marido achava na situação.
Ela afirmou que não fez, propositalmente, qualquer articulação política durante a campanha, mesmo sendo um dos principais elos na relação do presidente eleito com a senadora Simone Tebet (MDB), considerada pela futura primeira-dama como peça importante no jogo político. Tebet disputou a eleição presidencial e ficou em terceiro lugar no primeiro turno.
"Não tenho papel de articulação política. Pode até ter acontecido, mas não foi uma coisa planejada", afirmou.
A entrevista de Janja foi concedida ao canal antes mesmo do comentário da jornalista Eliane Cantanhêde, do canal GloboNews, que disse na sexta-feira (11) que existe um "incômodo com o excesso de espaço" de Janja nos eventos da transição de governo. "Ela já começou a participar de reunião, já vai dar palpite e daqui a pouco ela vai dizer quem pode ser ministro. Isso dá confusão. Se é assim na transição, imagina quando virar primeira-dama", opinou a jornalista.
O tema gerou polêmica e comentários sobre a fala ter sido machista, o que foi negado pela jornalista.
Segundo turno. Ao contrário das apurações do primeiro turno, acompanhadas em um hotel com amigos e políticos no começo de outubro, o segundo turno das eleições foi acompanhado por Lula e Janja dentro de casa, em um ambiente mais reservado.
A socióloga lembrou que eles optaram por almoçar com tranquilidade e até mesmo tirar um cochilo no meio da tarde, recebendo o resultado com uma espécie de "alívio". "Foi um momento muito... em que respiramos, né? Foi uma apuração difícil, a primeira coisa que ele queria fazer era sair no portão e abraçar o pessoal que ficou no portão", disse.
Futura primeira-dama
Agora, ela fala em esperar a posse para pensar em um Brasil com "menos rigidez" e em ressignificar o que é ser uma primeira-dama. "Para as mulheres, para as pessoas, para as famílias, de uma forma geral, em um papel mais de articulação com a sociedade civil", explicou.
Essa não foi a primeira vez que a socióloga falou sobre atualizar o conceito de primeira-dama no país. Em agosto, durante o período de campanha, ela expressou a vontade ao responder o questionamento de um seguidor. Na ocasião, ela citou como inspirações as ex-primeiras damas da Argentina e dos Estados Unidos Evita Perón e Michelle Obama.
À TV Globo, ela listou alguns compromissos que pretende ter nos anos de governo do petista.
"Acho que compromisso meu com certeza é trazer à luz alguns temas que carrego na minha história, que é a questão de violência contra as mulheres. Quero atuar bastante nisso, fazer essa discussão com a sociedade. Não é com medida provisória que resolve essa situação", afirmou.
Além disso, a futura primeira-dama apontou o cuidado com a alimentação, o combate ao racismo e a transformação do ódio em relações mais saudáveis nos próximos anos.
Como o casal se uniu? Janja e Lula se aproximaram durante a prisão do petista no Paraná, e oficializaram a união em maio deste ano, em uma cerimônia realizada em São Paulo.
Ao "Fantástico", ela contou que já tinha visto o presidente em outras ocasiões, quando trabalhava na Itaipu Binacional. A aproximação dos dois, porém, só ocorreu em 2017, quando ela foi a uma partida de futebol do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) interessada em ver o cantor Chico Buarque, mas acabou conhecendo melhor o ex-presidente.
"Falei 'preciso ir nesse jogo', e acabei indo nesse jogo. Foi muito emocionante, porque acabei vendo o Chico Buarque. Já conhecia o meu marido [Lula] de outros momentos, não sei se ele lembrava muito de mim. A gente sentou para almoçar. Depois ele pediu meu número para alguém e a gente foi se aproximando", lembrou.
Ela teve um papel de destaque durante a campanha do petista, que saiu vitorioso nas urnas, e é a responsável por organizar a cerimônia de posse dele, em 1º de janeiro.
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