A quatro dias da Copa do Mundo do Qatar, o colunista do UOL Jamil Chade analisou a participação do Brasil na cúpula do clima da ONU (COP27), no Egito, no clima da competição mundial. Em participação no programa Análise da Notícia de hoje, o jornalista destacou a importância do país ser coerente e mostrar credibilidade na questão ambiental, na prática, e não só em discursos.
"Vamos imaginar que a Copa do Mundo acontece todos os anos. Nas últimas quatro edições, o que aconteceu é que o Brasil não passava da primeira parte. Fazia parte, porque não dá para você desviar do Brasil, mas atuou de uma forma extremamente distante daquele protagonismo que sempre teve", afirmou Jamil.
Ainda durante a análise, o colunista afirmou que o Brasil, sob o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), "usou o cenário internacional para desmontar instituições". "O Brasil não desapareceu do cenário internacional. O que o Brasil fez foi usar o cenário internacional para desmontar as instituições, os consensos e os valores que existiam. O Brasil (de Bolsonaro) cumpria uma função muito clara para a extrema direita mundial, de desmontar", completou o colunista
"Em apenas quatro anos, na verdade, três anos e meio, você viu uma destruição absoluta de tudo que tinha sido criado por décadas. Existe uma possibilidade real do Brasil voltar? Claro que existe. Agora, essa reconstrução, reestabelecer esses contatos, não vai acontecer da noite para o dia. O Brasil nessa COP27 mostrou que quer jogar e quer ir até a final", disse Jamil.
Em sua fala hoje na 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas, no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se destacou por prometer mudanças na postura do país, em especial na área ambiental, e teve encontros reservados com representantes de Estados Unidos e China, as maiores economias do planeta.
Entre alguns temas defendidos por Lula em seu discurso, ele conclamou países ricos a investirem no combate ao aquecimento global; declarou que os acordos internacionais pelo clima "têm que sair do papel"; e pregou o fortalecimento de alianças globais.
"Se a gente não fizer a lição de casa, se a gente não reduzir o desmatamento de uma forma rápida e mostrar credibilidade, não vai adiantar percorrer o mundo com discursos. Isso não vai ser suficiente", finalizou Jamil no programa.
Toledo: Com PEC, Lula negocia estouro do teto por 4 anos para combater fome
Na avaliação do colunista do UOL José Roberto de Toledo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou uma "bomba" para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desarmar na questão do pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 em 2023.
No programa Análise da Notícia de hoje, o jornalista criticou a postura do atual mandatário, responsável por anunciar o valor, permitir a concessão de crédito consignado para os beneficiários, sem prever o pagamento dos R$ 600 no Orçamento para 2023.
"O Bolsonaro criou um benefício que é justo, após negociações com o Congresso, só que ele fez uma sacanagem inacreditável. Ele não previu como pagar esse benefício a partir de janeiro de 2023. A gente sabe que a folha de pagamentos de janeiro é rodada em dezembro. Não tem tempo nenhum e nós estamos aqui, no dia 16 de novembro", disse Toledo.
Com a expectativa da proposta de texto da PEC da Transição (Proposta de Emenda Constitucional) ser enviada hoje ao Congresso, Toledo destacou a necessidade de aprovar a proposta elaborada pela equipe do governo eleito de Lula (PT) ainda neste mês de novembro.
"Tem 14 dias para aprovar essa PEC, para poder rodar em dezembro e já valer a partir de janeiro. Caso contrário, as pessoas não vão receber os 600 reais, lembrando que muitas delas tomaram empréstimos consignados, com desconto em folha já a partir de janeiro. Por conta disso, então, se essa gente não receber, vai ser uma catástrofe, uma bomba atômica que eles deixaram armada aí, que o Bolsonaro deixou de presente para o Lula e para as pessoas", completou o colunista.
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) entregou hoje ao Congresso Nacional o texto da chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, movimento que deve viabilizar o pagamento de programas sociais e o cumprimento de promessas feitas por Lula (PT) durante a campanha eleitoral, como o aumento do salário mínimo acima da inflação, a partir de janeiro de 2023.
Ainda durante sua participação no Análise da Notícia, Toledo defendeu a retirada do programa do teto de gastos. "Imagine o drama de quem está recebendo os 600 reais e mal consegue comer com esse dinheiro, tomou um empréstimo e agora vai ter que começar a pagar as parcelas e não tem dinheiro, não vai receber os R$ 600, mas sim uns R$ 200, sei lá. Não tem dúvida de que essa é a prioridade zero do governo e das pessoas. É o problema mais emergencial que tem para resolver", afirmou.
"Quatro anos me parece bastante razoável, porque do ponto de vista de governo, ele não fica submetido à chantagem do legislativo a cada ano.[...] O momento de fazer isso é agora, não é daqui a um ano não. Daqui a dois ou três anos o capital político vai gastando e ele é cada vez menor. Me parece que fazer (a retirada do programa do teto de gastos) por quatro anos resolve o problema deste mandato, que não fica sujeito à chantagem anual desses presidentes da Câmara e do Senado ou dos próximos daqui a dois anos", completou o colunista.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja a íntegra do programa:
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