Tasso Jereissati diz que PEC da Transição é um absurdo e que votará contra
O senador Tasso Jereissati (PSDB) declarou que votará contra a PEC da Transição na forma como ela foi proposta pela equipe de transição. Ele disse que a proposta é "um absurdo" e criticou declarações do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Ninguém é contra o auxílio de R$ 600. Isso é absolutamente necessário, tem que ser feito e não se pode negar ao novo governo essa tranquilidade. Mas o que está proposto na PEC é muito mais do que isso. São recursos que vão nos levar a um caminho que ninguém tem noção onde pode acabar. Se essa PEC for do jeito que está aí, voto contra e peço aos meus colegas do PSDB que votem contra", disse Tasso no UOL Entrevista desta sexta (18).
A principal crítica de Tasso Jereissati se dá pela duração do auxílio previsto na PEC. "A obrigação do Congresso é dar ao novo governo condições de cumprir a promessa básica, de R$ 600, por um ano. E durante o ano que vem, com um novo Congresso, fazer essa discussão com plano mais amplo. Inclusive com um tipo de arcabouço fiscal que o governo pretende para segurar a trajetória da dívida".
Para o tucano, o teto de gastos já foi quebrado. Ele culpou o atual governo por essa situação. "Quem acabou com o teto foi Paulo Guedes".
Ele demonstrou preocupação com fala do presidente eleito Lula. "Eu me posiciono com muita preocupação por vários aspectos desses últimos 10 dias. A primeira razão é o tom do discurso: ao invés de reconciliação nacional, que todos estamos esperando, viria um homem diferente para governar para todos brasileiros. Isso pode despertar ou acirrar ânimos em um país dividido".
Tasso: Essa geração de generais vai sair do mapa
Tasso Jereissati também falou sobre uma acusação recente de Flávio Dino (PSB). O senador eleito disse que agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) tentaram ocupar o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), que funciona como sede para a equipe de transição.
"Não estranho que o General Heleno queira fazer espionagem na transição do governo Lula. Mas são os últimos suspiros de alguém que esta desaparecendo. Se Bolsonaro voltará como pessoa física ou não, é uma incógnita. Mas essa geração de generais vai sair do mapa e está esperneando no que pode", explicou Tasso.
Tasso: Foi um erro gravíssimo não reconhecer a vitória de Dilma
O político também avaliou a situação do PSDB, que perdeu poder político nos últimos anos. Ele reconheceu erros do partido, como em 2014, quando os tucanos não aceitaram a vitória de Dilma Rousseff (PT).
"Alguns movimentos nossos errados fizeram com que perdêssemos a classe média moderada. Tivemos erros durante a eleição. Não deveríamos nunca ter contestado a eleição da Dilma quando Aécio perdeu. Foi um erro gravíssimo", admitiu o tucano.
Ele também culpou João Doria pela crise no partido. "O João Doria não era um político que se encaixava perfeitamente no perfil do PSDB raiz, da cultura do PSDB. Nunca se integrou ao partido inteiramente. E tinha obsessão de ser candidato a presidente desde que foi eleito prefeito. E ele praticamente foi arrasando e atropelando as grandes lideranças de São Paulo, que sempre fizeram parte básica do PSDB".
Tasso apontou que Eduardo Leite (PSDB), governador reeleito no Rio Grande do Sul, é um possível candidato a presidente em 2026. "Temos dois nomes para sair do 'bolsonarismo' e da esquerda mais radical. Falaria os nomes do Eduardo Leite e da Simone Tebet. Falta voto, mas você tem quatro anos para conquistar voto. Se não conseguir, é porque não pode mesmo."
Onde assistir UOL Entrevista: ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
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