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Equipe do UOL é agredida por manifestantes golpistas em Resende (RJ)

Do UOL, em São Pulo

26/11/2022 20h09

Um repórter e uma repórter cinematográfica do UOL Notícias foram cercados, agredidos e tiveram um celular arrancado da mão enquanto faziam uma reportagem no acampamento montado por bolsonaristas na frente da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende (RJ), na sexta-feira (25) à noite. O local foi visitado neste sábado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na hora em que teve o telefone arrancado, a cinegrafista foi atingida no dedo mínimo da mão esquerda, que ficou roxo e inchado. A agressão ocorreu mesmo com um destacamento da Polícia do Exército fazendo a proteção dos profissionais. Foi preciso escolta para entrar no carro, que foi acompanhado por uma dupla de militares porque os manifestantes entraram em seus veículos para seguir a reportagem. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil de Resende por ameaça, injúria e lesão corporal. Nenhum dos agressores foi identificado até a conclusão desta reportagem.

Como começou. A equipe estava gravando uma entrevista com um manifestante no acampamento em frente à Aman. Um homem se aproximou reclamando da linha editorial do UOL e pediu para o entrevistado parar de falar, solicitação que não foi atendida pela fonte.
Este homem voltou ao local minutos depois com cerca de 15 pessoas. Nesta altura, a gravação havia acabado e jornalistas e o entrevistado conversavam. Os bolsonaristas interromperam o diálogo entrando entre os interlocutores e passaram a xingar a reportagem aos gritos. Quanto mais xingamentos, mais pessoas se juntavam ao grupo.

Policiamento aparece. Uma dupla de homens da Polícia do Exército correu ao local e ficou entre a reportagem e os manifestantes, que passaram a ordenar que os profissionais fossem embora. "Rapa fora", gritou um homem. "Vocês não são bem-vindos" bradou outro.

O homem que concedeu entrevista tentou acalmar o jornalista e a cinegrafista falando que os manifestantes são ordeiros. "Ninguém vai bater em vocês."

Os bolsonaristas, porém, partiram para cima colocando o dedo no rosto dos jornalistas, tirando fotos e filmando. A esta altura, já eram seis integrantes da Polícia do Exército e eles, sem conseguir conter os manifestantes, aconselharam a equipe a ir embora por questão de segurança.

Incremento da hostilidade. O pedido foi aceito, mas serviu apenas para o grau de violência aumentar. A cinegrafista foi cercada e um adolescente precisou pedir para o pai parar com o ataque de fúria. "Não bate nela", falou com voz alarmada.

Na sequência, policiais do Exército e equipe do UOL se agruparam. Nem assim a hostilidade foi controlada. Um homem arrancou o celular da repórter cinematográfica e tentou escapar. Ele foi agarrado por um militar e obrigado a devolver o telefone. Aproveitando que as atenções estavam focadas nesta situação, um homem chutou o jornalista.

Vendo o caos se aproximando, os policiais do Exército se esforçaram para afastar os manifestantes e os jornalistas aproveitaram para ir até o carro. Neste momento, bolsonaristas estavam em seus veículos esperando para ir atrás. Também falavam que o carro havia sido filmado e a placa fotografada.

Escolta militar. Prevendo uma perseguição, os policiais do Exército ficaram no meio da rua para nenhum carro passar. Dois deles acompanharam, quase correndo, a saída do veículo em que a equipe do UOL estava. Mas um carro conseguiu se aproximar.

Foi quando o carro se aproximou da esquina e a dupla de policiais do Exército fez sinal para não atravessar o semáforo, mesmo que ele estivesse verde. Quando o amarelo surgiu, os dois foram para atrás do carro do UOL e logo que o vermelho surgiu, gritaram: "Arranca, meu filho".