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OPINIÃO

Brígido: Se corda esticar, arrebenta para o lado dos golpistas, não do STF

Colaboração para o UOL, em Salvador

30/11/2022 20h57

Durante sua participação na edição do Análise da Notícia de hoje, a colunista do UOL Carolina Brígido comentou sobre os riscos que o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), assim como seus integrantes, correm com o avanço dos atos golpistas, realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que questionam o resultado da eleição presidencial deste ano.

Questionada sobre "se golpistas esticarem a corda com o Supremo, para qual lado ela arrebentará?", Brígido destacou que a "vigilância constante" do Judiciário não vai permitir que esses movimentos ganhem força. Ainda durante a análise, a jornalista ressaltou, no entanto, que as manifestações contra o presidente eleito Lula (PT) não se encerrarão no momento da posse.

"A corda em algum momento vai estourar, mas o judiciário tem cercado muito esses movimentos, a organização deles. Esses inquéritos que foram abertos no STF, eles têm servido para fazer esse cerco, que são aqueles inquéritos que investigam milícias digitais, além do que investiga fake news e ataques ao STF, TSE e seus integrantes.[...] Não haverá complacência em relação a esses movimentos golpistas por parte da nata do Judiciário", destacou a colunista.

Em outro momento do programa, Brígido reforçou a necessidade de identificar e punir os possíveis financiadores das manifestações. "O que tem preocupado mais é a questão do financiamento a esses movimentos e o endurecimento do discurso golpista. Essa questão de pedir intervenção militar e o fechamento de instituições", acrescentou.

"Não é que eles irão ameaçar a ordem democrática, não é isso. A segurança dos tribunais superiores está muito atenta a isso. Inclusive, a PGR (Procuradoria-Geral da União) está fiscalizando os mandachuvas desses movimentos golpistas. Uma vez que Lula tomar posse, esses movimentos não vão desaparecer da noite para o dia. Eles vão continuar, mas se eles vão ficar mais fortalecidos ou não, claro, vai depender do Judiciário pegar quem está financiando ou não", concluiu a jornalista.

Brígido comentou, ainda, sobre a preocupação em torno da segurança de Lula (PT) tanto na cerimônia de diplomação, marcada pelo TSE para as 14h de 12 de dezembro, uma segunda-feira, quanto na cerimônia de posse, no dia 1º de janeiro de 2023.

A diplomação, explica o site do TSE, "é uma cerimônia organizada pela Justiça Eleitoral para formalizar a escolha do eleito pela maioria das brasileiras e dos brasileiros nas urnas". O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) também estará na cerimônia.

Kennedy: Lula faz realpolitik, racha Centrão e isola PL

Na avaliação do colunista do UOL Kennedy Alencar, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acertou ao trabalhar para a federação que reúne PT, PV e PCdoB anunciar apoio a recondução do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), ao cargo.

"O Lula não quer repetir os erros que a Dilma (Rousseff) cometeu no poder, sobretudo em 2014, quando foi eleita e entrou em confronto com Eduardo Cunha em 2015, quando Cunha se elegeu presidente da Câmara. Lula sabe como que o jogo funciona em Brasília e o legislativo hoje está mais forte do que estava na época em que ele foi presidente", disse Kennedy.

Durante sua participação no Análise da Notícia de hoje, Kennedy destacou que o petista deu um passo importante para garantir sua governabilidade ao sacramentar o apoio ao pepista e também à reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD) no Senado Federal.

"Criar um candidato alternativo ao Arthur Lira na Câmara podia ser um suicídio político, uma queima de energia desnecessária na largada. As eleições para presidência da Câmara e Senado só vão acontecer em fevereiro. O Lula agora no finalzinho de novembro já está montando um acordo".

Para o jornalista, o movimento de Lula foi determinante para rachar o Centrão e isolar o partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL, no Congresso. "O PL tem as maiores bancadas, tanto na Câmara quanto no Senado. Qual era a jogada do PL? Apoiar o Lira na Câmara e pedir o apoio para tentar derrubar o Pacheco, que é do PSD, lá no Senado. Vendo isso, o Lula busca atrair parcela do Centrão, racha o Centrão, faz uma oferta ali de aliança com o União Brasil, MDB e o PSD para junto com o PT apoiar a eleição do Lira e do Pacheco", concluiu Kennedy.

A federação que reúne PT, PV e PCdoB anunciou ontem que irá apoiar a recondução do presidente da Câmara, Arthur Lira. Juntas, as três bancadas terão 80 deputados a partir da próxima legislatura - PT (68), PV (6) e PCdoB (6).

Na Câmara, a maior bancada ficou com o PL, que elegeu 99 deputados. A terceira maior bancada, atrás da federação PT-PV-PCdoB, será a do União Brasil, com 59 deputados eleitos. O MDB e o PSDB terão 42 deputados, cada.

O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: