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Moro sobre PL pedir cassação: 'Não conseguem nas urnas, tentam no tapetão'

Sergio Moro e o presidente Jair Bolsonaro no debate da Globo - Eduardo Anizelli/Folhapress
Sergio Moro e o presidente Jair Bolsonaro no debate da Globo Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Do UOL, em São Paulo*

07/12/2022 20h16Atualizada em 07/12/2022 20h20

O senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) criticou parlamentares do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), que entraram com um pedido na Justiça Eleitoral para cassar o mandato dele. Após a repercussão do caso, o ex-ministro da Justiça da gestão atual comentou que "o que não conseguem nas urnas, tentam no tapetão".

Em um processo sigiloso movido pelo diretório do Paraná, o partido moveu uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral. O movimento se dá poucos meses depois de Moro ter apoiado publicamente Bolsonaro e até mesmo acompanhado o então candidato à reeleição nos debates televisivos do segundo turno da eleição presidencial.

Segundo apurou o Estadão Conteúdo, apesar de patrocinado pelo diretório no Paraná, a ação conta com o aval do presidente nacional Valdemar Costa Neto.

Moro foi eleito senador pelo Paraná com 33,82% dos votos, em uma disputa apertada com o segundo colocado, o deputado federal Paulo Martins (PL), que alcançou 29,12% dos votos. O Estadão Conteúdo apurou que, internamente, a esperança é de que a legenda consiga alijar o ex-juiz da Operação Lava Jato do Senado e ficar com a vaga de Moro.

"Soube pela imprensa que Fernando Giacobo, Presidente do PL/PR, e @PauloMartins10 , segundo colocado nas eleições paranaenses, ingressaram com ação buscando cassar meu mandato de Senador. Anote esses nomes. Maus perdedores que resolveram trabalhar para o PT e para os corruptos", escreveu.

O político também disse que "nada teme", pois sabe da "lisura" de suas eleições.

Agora impressiona que há pessoas que podem ser tão baixas. O que não conseguem nas urnas, tentam no tapetão. Senador eleito Sergio Moro

Procurado, o presidente da legenda no Paraná, Fernando Giacobo, afirmou que não se manifestaria porque o processo está sob sigilo. Valdemar Costa Neto também não se manifestou. A assessoria de imprensa do PL Nacional apenas informou que a ação é patrocinada pela legenda no Estado.

A ação. Os detalhes da ação estão sob sigilo, mas o Estadão Conteúdo apurou que o PL deve questionar irregularidades nos gastos de campanha do ex-juiz. O partido vem de um grande desgaste no Poder Judiciário, após ter questionado as urnas do segundo turno das eleições presidenciais e ser penalizado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, uma multa de R$ 22 milhões por litigância de má-fé.

Procurado, Moro disse que desconhece a "existência de eventual ação do PL" e nada tem "a recear quanto à lisura, regularidade, transparência e seriedade das doações e despesas eleitorais."

A ofensiva contra Moro também seria uma forma de agradar setores do Judiciário que desde sempre se posicionaram de maneira crítica à Lava Jato, mas que se revoltaram com a ofensiva contra as urnas, que atendeu a interesses do presidente Jair Bolsonaro, derrotado em 2022.

A medida contra Moro representa uma dura investida contra um aliado importante do presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022. A presença do ex-ministro nos debates presidenciais, que havia acusado o presidente de intervir politicamente na PF e ensejado a abertura de um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal), foi a grande novidade e carta na manga de Bolsonaro no segundo turno.