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Aliado de Bolsonaro diz que silêncio do presidente 'beira a covardia'

Do UOL, em São Paulo

18/12/2022 19h42Atualizada em 19/12/2022 09h13

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) criticou o silêncio e a reclusão de Jair Bolsonaro (PL) após a derrota nas eleições. A declaração do vice-líder do governo na Câmara foi dada em entrevista a um site bolsonarista.

O silêncio do presidente, e pior do que o silêncio, as frases enigmáticas, fotos enigmáticas, isso está fazendo tão mal ao povo. Isso está, chega a beirar, e eu sei que a palavra que eu vou usar é muito forte, mas isso chega a beirar uma covardia, uma manipulação do povo.
Deputado federal Otoni de Paula

Para o aliado de Bolsonaro, apoiadores do presidente estão se divorciando, enfrentam crise no casamento, estão desempregados ou em situações "lamentáveis", porque resolveram acampar no entorno de quartéis —para pedirem um golpe de Estado.

[Esses brasileiros protestam] movidos pelo amor à Pátria, pela confiança no Presidente da República. Ele [Bolsonaro] não tem o direito de estar em silêncio ou de liberar frases enigmáticas. O presidente Bolsonaro precisa falar claramente ao seu povo. Se ele não fizer, sairá pequeno. Ele sofrerá a maior derrota de todas, que não foi nas urnas. (...) Se ele não parar de blefar, aí sim, a sua derrota será avassaladora.

Bolsonaro ficou abatido pós-eleição e 'não vai agir'. Otoni disse que subiu na tribuna da Câmara dos Deputados nesta semana e solicitou que Bolsonaro "tome uma decisão e comunique ao seu povo".

"Eu estive com o presidente Bolsonaro talvez uma, duas ou três vezes após a eleição e, da primeira vez que eu estive com o presidente Bolsonaro, talvez uma semana após esta derrota, eu o encontrei muito abatido, já com aquela ferida na perna e ele estava psicologicamente muito abatido. Naquele momento, eu tive a certeza de que nada seria feito."

Ainda durante a entrevista, que durou pouco mais de 21 minutos, o parlamentar afirmou saber que suas declarações irão repercutir de diversas formas.

O político pediu para os bolsonaristas saírem das portas dos quartéis.

Eu vou ser chamado de traidor por aqueles que acham que o presidente vai agir, e eu, olhando na sua câmera, digo: não vai, não vai. E digo: não se iludam. Saiam das portas dos quartéis. Vocês serão presos e não haverá ninguém que os defenda. Assim como eu tenho certeza, absoluta, que o senhor Alexandre de Moraes [presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)] está esperando o recesso parlamentar para nos prender, eu não tenho dúvida disso.
Otoni de Paula

Questionado sobre quem Moraes prenderia, Otoni disse que seria "quem ele quiser prender". "Ele vai fazer isso com sorriso no rosto, o mesmo sorriso de quando ele disse que ainda tinha muita gente para ser presa e foi aplaudido."

Otoni afirmou estar "desesperançoso" com a política brasileira e disse ver "dias muito sombrios para nação brasileira".

"Nossa Carta Magna já foi rasgada. Os que tinham que defendê-la, a manipulam, e quem poderia nos defender, prefere colocar os seus pijamas e voltar para sua casa para não ter problemas maiores. Então, eu faço uma aposta com você: eu dou seis meses para o partido do presidente, que não é dele, que é do Valdemar Costa Neto, para que todos ou a maioria esteja votando com Lula porque o que vale nesta Casa para a maioria é o quanto você pode me dar para eu votar o que você quer que eu vote."

'Leão que não ruge vira gatinho.' Otoni criticou, em 2021, o presidente Jair Bolsonaro por recuar, na época, após ataques e discursos golpistas.

Eu preciso confessar isso ao Brasil. Me entristece a nota publicada pelo Governo Federal e assinada pelo meu presidente Jair Messias Bolsonaro. (...) E, infelizmente, os conselheiros do presidente Bolsonaro o tornaram pequeno. Leão que não ruge vira gatinho. E é isso que estão tentando transformar o grande leão desta república, Jair Messias Bolsonaro
Deputado federal Otoni de Paula em 2021

Neste ano, Otoni também rebateu uma fala do presidente eleito Lula (PT), na qual o petista disse que militantes deveriam ir até os endereços de parlamentares e "incomodar" os familiares. Otoni sugeriu que "os vagabundos" levassem "bala".

No Rio de Janeiro, a gente tem método de tratar bandido. Lá é na bala. Se visitar minha casa vai ser na bala, está me ouvindo? Na bala, seus vagabundos