Mulher de presidente da Funai posta mensagens de apoio a indígena golpista
Jucilene Rodrigues, mulher do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, publicou mensagens de apoio ao pastor evangélico e líder indígena José Acácio Serere Xavante.
Serere Xavante foi preso na segunda-feira (12) por suspeita de ameaça de agressão e perseguição contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após a prisão do líder indígena, bolsonaristas fizeram uma série de ataques em Brasília, que resultou em queima de carros, vandalismo em ônibus e tentativa de invasão à sede da PF (Polícia Federal).
Somos todos [emoji de coração] Cacique Sererê
Jucilene Rodrigues, mulher do presidente da Funai, em publicação nos stories do Instagram
O que foi publicado nas redes? A primeira postagem de Jucilene nos stories do Instagram questiona: "acredita mesmo na justiça do Brasil?"
O texto acompanha uma imagem de Serere Xavante, com a frase "preso por manifestar". Abaixo, uma imagem do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, com os dizeres "solto por roubar o Brasil".
Jucilene também postou um vídeo com imagens de Serere Xavante e mensagem de apoio.
Fotos no Quartel-General do Exército. No dia 6 de dezembro, Jucilene postou uma foto sua com a localização do Quartel-General do Exército, em Brasília.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupam o espaço e pedem um golpe desde a vitória de Lula no pleito de outubro.
No dia 16 de novembro, Jucilene publicou outra foto no local. "Vamos que vamos. Firmes e fortes com essa parceria tão importante aqui no QGex [Quartel General do Exército], ao nosso amado é (sic) lindo Brasil. Salvem o Brasil".
O UOL entrou em contato com a Funai. A nota será atualizada em caso de retorno.
Funai se manifestou sobre a prisão. Em nota divulgada ainda na noite de segunda-feira (12), a Fundação informou que "acompanhava o caso por meio da Ouvidoria do órgão e que o indígena tem recebido a assistência de um advogado".
A Funai ainda afirmou que já está consolidado pela jurisprudência brasileira que o indígena integrado à sociedade "está sujeito às mesmas leis que são impostas aos demais cidadãos brasileiros". Ou seja, pode ser preso. Durante os protestos, apoiadores de Serere Xavante disseram que ele não poderia ser preso por ser indígena.
"A Funai pontua ainda que, enquanto instituição pública, calcada na supremacia do interesse público, não coaduna com nenhum tipo de conduta ilícita, tendo sua atuação pautada na legalidade, segurança jurídica, pacificação de conflitos e promoção da autonomia dos indígenas."
Linha do tempo do caso:
- Segunda-feira (12): Serere Xavante é preso e bolsonaristas fazem uma série de ataques em Brasília;
- Segunda-feira (12): Segurança no hotel em que Lula estava hospedado, em Brasília, é reforçada;
- Segunda-feira (12): Indígena pede que bolsonaristas deixem de confrontar as forças de segurança;
- Terça-feira (13): A PF afirma em nota que respeitou a "integridade física e moral" de Serere Xavante durante a prisão e negou agressões;
- Terça-feira (13): STF mantém a prisão temporária de dez dias imposta ao indígena após audiência de custódia; e
- Quarta-feira (14): Barroso nega o pedido da defesa para libertar Serere Xavante.
Quem é Serere Xavante? Nascido em Mato Grosso, o líder indígena se destacou pelo ativismo a favor de Bolsonaro e por organizar atos contra a vitória do presidente eleito Lula, com ataques contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"Lula não foi eleito, TSE roubou os votos para Lula, houve crime eleitoral, violaram a urna de votação. O ministro Alexandre de Moraes é bandido e ladrão", escreveu o bolsonarista em suas redes sociais em novembro deste ano.
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