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Exército cede e aborta remoção de caixas d'água de acampamento em Brasília

Do UOL, em Brasília

05/01/2023 16h14Atualizada em 06/01/2023 08h41

Escavadeira, trator, caçambas, caminhão equipado com guincho e cerca de 50 homens foram escalados pelo Exército para retirar três caixas d'água instaladas por manifestantes em frente ao quartel-general, em Brasília. A tarefa foi suspensa com a remoção de somente uma —que já estava rachada.

A operação foi abortada depois que os acampados cercaram os militares reclamando da medida. Uma mulher quis saber quem era o comandante e cobrou o militar com palavras duras. Teve início uma negociação e o Exército cedeu à vontade dos golpistas. A Comunicação do Exército não comentou.

Oficial adota tom de justificativa

O tenente que começou a negociar com os manifestantes viu um aglomerado verde amarelo à sua frente. Como quem deve satisfação, logo explicou o motivo da operação: havia recebido ordens.

Os manifestantes estavam em uma área do Exército Brasileiro, mas falavam como se fossem os donos da casa. Logo uma série de motivos foi apontada para manter as caixas d'água:

  • Uma caixa fornecia água para beber e cozinhar;
  • Outra abastecia o contêiner chuveiro;
  • Atrapalhar os acampados é defender o comunismo.
k, - Felipe Pereira/UOL - Felipe Pereira/UOL
Militares assistem manifestantes esgotarem caixa d'água para transporte a outra área do acampamento
Imagem: Felipe Pereira/UOL

A reação dos acampados

Uma dupla subiu no contêiner antes mesmo de a negociação começar. A caixa d'água usada para abastecer os chuveiros fica em cima dele e os homens se agarraram nela. Os demais manifestantes foram chamados e instruídos sobre como proceder:

  • Ficar à frente das caixas d'água;
  • Não ofender os militares;
  • Proibido gravar.
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Exército retirou uma única caixa d'água e ela estava rachada
Imagem: Felipe Pereira/UOL

Como se deu a negociação

O tenente que conversava com os acampados logo se apressou em oferecer uma solução. O oficial disse que permitiria que os golpistas levassem a caixa d'água para outro setor do acampamento. Mas havia um problema: ela estava cheia até a boca.

O militar esperou que os manifestantes arranjassem uma bomba para esgotar a caixa d'água. Começou a chover forte, o terreno virou lama e cerca de 50 militares observaram os acampados terminarem o serviço.

Depois, foi preciso colocar a caixa d'água em cima de um carrinho e arrastá-la para outra área. Tudo isto demorou mais de uma hora e foi acompanhado pela tropa encharcada. Em vez de mostrar o braço forte, o Exército ofereceu a mão amiga (e molhada) aos golpistas.

Exército cede de novo

Enquanto a negociação com os golpistas ocorria, um caminhão pipa chegou para abastecer as caixas d'água, como ocorre toda manhã. Desta vez, os militares que estavam no acesso não removeram os cones para que o veículo entrasse.

Parecia que o resgate da caixa d'água seria inútil. Mas a impressão logo se dissipou. Bastou o caminhão dar a volta e buscar outra entrada que pode alcançar o acampamento.

Ter estoque de água é fundamental para as aspirações golpistas. Os manifestantes esperam que a Brasília lote de bolsonaristas no fim de semana e será preciso água para dar de beber a estas pessoas.

Não foi a primeira vez que o Exército marcou operação no acampamento e não concluiu a tarefa.

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