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Transparência critica escolha de ministro de Lula condenado por peculato

Waldez Goés, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional - Reprodução/Facebook
Waldez Goés, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, em Salvador

05/01/2023 17h35

A ONG Transparência Internacional, que atua a nível mundial no combate à corrupção, publicou um comunicado hoje nas redes sociais criticando o governo Lula (PT) por ter nomeado o ex-governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), como ministro da Integração Nacional. Na publicação, a instituição, sediada em Berlim, destacou que Waldez entrou no ministério "pela cota do Centrão".

"Esta semana, um condenado à prisão por desvio de recurso público foi empossado Ministro da Integração Nacional. Entrou pela cota do Centrão, que consegue achacar qualquer governo, à direita ou à esquerda. Em 2019, Waldez Goés foi condenado pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça) a 6 anos de prisão por peculato. Sua defesa apresentou recurso, que está parado no STF (Supremo Tribunal Federal) por pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. Ainda assim, apesar da gravidade do caso, foi empossado Ministro do Governo Lula", escreveu a instituição no Twitter.

Filiado ao PDT desde 1989, Goés terminou em 2022 o seu quarto mandato como governador do Amapá. O ministro ganhou uma vaga na Esplanada, conforme lembra a Transparência Internacional, graças à articulação do senador Davi Alcolumbre (União Brasil).

"Góes, indicado por Davi Alcolumbre, cuidará da CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), a estatal loteada pelo Centrão que virou foco de corrupção do Governo Bolsonaro como um dos principais braços executivos do Orçamento Secreto", acrescenta a Transparência Internacional na publicação.

O ex-governador foi acusado em 2019 por desviar valores de empréstimos consignados de servidores públicos. A verba era descontada dos salários e utilizada para bancar despesas do governo, atrasando o pagamento dos valores aos bancos credores.

Procurada pelo UOL, a equipe do ministro reforçou que na ação, "tanto o relator quanto o revisor no STJ reconhecem que os valores foram utilizados para pagar servidores e que não houve desvio em favor de terceiros e nem de Waldez Góes, na época governador". Ainda de acordo com o assessor do pedetista, "não existem nenhum débito do Estado do Amapá com os bancos referentes ao períoso".

A defesa do ministro esclareceu, ainda, que a sentença "foi dada utilizando como base um julgamento do STF que posteriormente reconheceu, em caso idêntico, que não existe crime quando o administrador utiliza os valores para uso com despesas da própria administração". "Quando o cobertor é curto e o Estado possui suas prioridades como folha de pagamento e programas sociais é eticamente esperado do administrador público que os bancos sejam os últimos a receberem", completa a equipe de Góes.

Licenciado do PDT para ocupar o Ministério, Góes pode se filiar ao União Brasil no próximo ano. Segundo a Folha de S. Paulo, aliados de Alcolumbre afirmam que o senador tentará convencer Góes a ir para o partido.

A assessoria do ministro, no entanto, afirmou que ainda não há um martelo batido sobre a ida para o União Brasil e que "muita conversa" deve acontecer nos próximos dias.