Ataques terroristas: entenda o que aconteceu ontem em Brasília em 8 pontos
Milhares de extremistas bolsonaristas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do STF (Supremo Tribunal Federal) na tarde de domingo (8).
Os atos de violência levaram o presidente Lula a decretar intervenção federal no DF até o dia 31 de janeiro e ao afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB), por decisão do ministro Alexandre de Moraes.
Como aconteceu a invasão?
- Transmitida em lives por bolsonaristas radicais, a invasão teve início por volta das 15h, quando o grupo saiu em marcha do acampamento na frente do quartel-general do Exército e furou o bloqueio de PMs. Veja o momento da invasão ao Congresso.
- Muitos dos terroristas estavam munidos com máscaras de gás e capacetes --indícios de que o ataque foi planejado.
- Houve registro de agressão a um policial e a um cavalo da corporação e a jornalistas que cobriam os atos.
- A situação só foi controlada no meio da noite.
O que os terroristas depredaram?
- O plenário do STF.
- A porta do armário de togas com o nome do ministro Alexandre de Moraes.
- O Congresso foi inundado por causa da água usada para apagar o incêndio causado pelos terroristas.
- Obras de arte -- uma tela de Di Cavalcanti exposta no Palácio do Planalto foi rasgada em ao menos três locais diferentes.
- Presentes dados por autoridades estrangeiras ao país e armas e munição do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) foram saqueadas no Planalto.
O que a polícia fez?
- Lançou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para desocupar os prédios, mas a situação só foi controlada à noite.
- Um documento obtido pelo UOL prova que a polícia sabia dos atos e não executou o plano previsto para contê-las. As autoridades federais agora irão investigar se os agentes foram coniventes e permitiram a ação dos invasores.
- Vídeo que circula nas redes sociais flagrou policiais militares fazendo imagens e conversando com bolsonaristas enquanto o Congresso era invadido.
- Poucas horas depois das invasões, Ibaneis demitiu Anderson Torres da secretaria de Segurança. Ex-ministro de Bolsonaro, Torres está nos Estados Unidos.
Quantas pessoas foram presas?
- Segundo balanço da Polícia Civil do DF divulgado na manhã de hoje, são 300 pessoas.
- Elas estão passando por exame de corpo de delito, sendo identificadas e ouvidas nos autos do inquérito que investiga os atos criminosos.
Como Lula reagiu aos ataques?
- Decretou intervenção federal na segurança do DF -- a medida tira o comando da área do governador e coloca as polícias e o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal sob o controle da União. Ricardo Capelli é o interventor;
- sinalizou para a busca da responsabilização penal de Bolsonaro e de aliados dele que estimularam ataques contra o Congresso e o STF ao longo dos últimos anos;
- afirmou que as autoridades da área de segurança pública tiveram "incompetência, má vontade ou má-fé" e lembrou do quebra-quebra no dia de sua diplomação, em dezembro, com a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal.
Bolsonaro se manifestou?
Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra.
Vincular manifestantes de esquerda a atos violentos tem sido uma estratégia do ex-presidente e de seus apoiadores, mas a comparação é descabida porque as pautas não eram golpistas e havia grande aparato policial e repressão, por vezes violenta, contra os manifestantes que cometiam atos de vandalismo.
Por que Ibaneis foi afastado?
Na decisão, Moraes apontou o descaso e a conivência do governo do DF com a organização dos atos golpistas:
Ibaneis não só deu declarações públicas defendendo uma falsa 'livre manifestação política em Brasília' —mesmo sabedor por todas as redes que ataques às instituições e seus membros seriam realizados— como também ignorou todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança semelhante aos realizados nos últimos dois anos em 7 de setembro, em especial, com a proibição de ingresso na esplanada dos Ministérios pelos criminosos terroristas; tendo liberado o amplo acesso
O afastamento vale por 90 dias e até lá a vice de Ibaneis, Celina Leão (PP), assume a chefia do Executivo.
Desocupação de acampamentos
Além do afastamento do governador, Moraes determinou ainda a desocupação e dissolução total, em 24 horas, dos acampamentos nas imediações dos quartéis-generais e outras unidades militares e prisão em flagrante de seus participantes.
O Exército e a Polícia Militar realizaram na manhã de hoje um cerco ao acampamento golpista em Brasília. Cerca de 40 ônibus removeram pelo menos 1.200 radicais bolsonaristas para a superintendência da Polícia Federal —o número exato de pessoas será divulgado após triagem.
No entanto, a reportagem do UOL presenciou bolsonaristas que saíram sem serem importunados, mesmo com a área cercada por centenas de viaturas e milhares de homens das forças de segurança.
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