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Lula se reúne com chefes dos Poderes no Planalto: 'Precisa de normalidade'

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

09/01/2023 11h02Atualizada em 09/01/2023 16h59

O presidente Lula decidiu despachar do Palácio do Planalto, durante o processo de limpeza após os atos terroristas. Na manhã desta segunda-feira (9), faz reuniões com chefes do Judiciário, do Legislativo e das Forças Armadas.

Segundo pessoas próximas ao Planalto, o principal objetivo é mostrar que o governo "não se amedrontou" em relação às ameaças e que os Poderes estão unidos e funcionando plenamente.

Para Lula, dizem pessoas próximas, só há uma possibilidade: tratar o caso com seriedade e energia. O presidente deverá evitar declarações polêmicas, mas quer deixar claro que o governo federal —incluindo as Forças Armadas— estão agindo contra qualquer manifestação de golpismo.

O presidente, que fazia uma visita a Araraquara (SP) na tarde de ontem, chegou a Brasília no começo da noite, já sob intervenção federal, e logo se reuniu com a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, para visitar os prédios depredados.

Hoje, Lula começou a manhã em uma reunião no Planalto com Rosa Weber, o ministro Roberto Barroso, do STF, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), presidente do Senado em exercício, e o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.

Além de mostrar união em torno da democracia, os chefes dos Poderes quiseram alinhar o discurso. Ao final, divulgaram uma nota. "Estamos unidos para que as providências institucionais sejam tomadas, nos termos das leis brasileiras", diz um trecho.

Conclamos a sociedade a manter a serenidade, em defesa da paz e a da democracia em nossa pátria. O país precisa de normalidade, respeito e trabalho para o progresso e justiça social da nação."

Lula também reuniu, por cerca de uma hora, com os chefes das Forças Armadas:

  • O ministro da Defesa, José Múcio;
  • O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino;
  • O general Júlio Cesar de Arruda, comandante do Exército;
  • O almirante Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha;
  • O brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica.

Houve um consenso no governo federal de que não só a PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal) demorou para agir como as Forças Armadas deveriam ter se posicionado com mais peso em relação as aglomerações à frente dos quartéis.

Essa responsabilidade recai diretamente sobre Múcio. Após assumir, o ministro-chefe das FAs chamou as aglomerações em quartéis de "manifestações democráticas", o que gerou ruído inclusive com Dino.

Nesta madrugada, o Exército impediu a entrada da PM-DF no acampamento em frente ao QG em Brasília, o que levou a uma necessidade de intervenção direta de Lula e Dino junto a Múcio para que a situação fosse resolvida, como foi nesta manhã.

Lula decidiu almoçar no Planalto com o vice Alckmin e a mulher, Janja. E também adiantou a reunião com os governadores para o fim desta tarde.

Inicialmente marcada para o dia 27, com objetivo de debater propostas para o primeiro semestre de governo, agora a reunião terá como único tema a segurança pública.

O objetivo do Planalto é tratar o assunto como uma pauta nacional, independentemente do partido do governador, e combinar medidas e estratégias coordenadas de combate a atos golpistas.

Todos os governadores foram convocados —alguns devem comparecer presencialmente, em Brasília, outros vão participar online.

Os eventos oficiais no Palácio foram cancelados por questões óbvias de logística. Para esta tarde, estava prevista a posse de Sônia Guajajara (Psol) no Ministério dos Povos Indígenas. Com o salão nobre destruído, a cerimônia foi adiada, ainda sem data informada.