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Em posse, Guajajara prega 'sem anistia' e Anielle chora ao lembrar irmã

Do UOL, em Brasília

11/01/2023 17h47Atualizada em 13/01/2023 07h39

Anielle Franco (Igualdade Racial) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) foram as últimas ministras a tomar posse no governo Lula (PT), em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente, nesta quarta-feira (11).

Durante seu discurso, Guajajara criticou a invasão de bolsonaristas terroristas nos prédios do Palácio do Planalto, do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional. Anielle também criticou os atos golpistas e chorou ao citar sua irmã, a ex-vereadora carioca Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em 2018.

E aqui, Sonia Guajajara e Anielle convocam todas as mulheres para dizer, juntas, que nunca mais vamos permitir um outro golpe no nosso país."
Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas

Nós estamos aqui porque a gente tem um projeto de país. Um projeto de país onde uma mulher negra... [chora] possa acessar e permanecer em diferentes espaços de tomada de decisão da sociedade, sem ter sua vida ceifada com cinco tiros na cabeça."
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial

Guajajara também puxou o coro "sem anistia" e a plateia presente ovacionou e acompanhou. A ministra também falou sobre a importância de haver lideranças indígenas no governo, em especial em cargos de comando. Lula já havia prometido a criação do ministério na campanha, com o comando de um indígena.

"A partir de agora essa invisibilidade não pode camuflar nossa realidade. Estamos aqui de pé para mostrar que não iremos nos render", disse a ministra.

No evento, Lula também sancionou o PL (Projeto de Lei) n° 4566/2021, que tipifica a injúria racial como crime de racismo.

Os eventos de posse estavam marcados para a última segunda-feira (9), mas, por causa dos atentados na Praça dos Três Poderes no domingo (8) e a destruição do Planalto, as cerimônias foram adiadas. Agora, Lula quer promover um grande evento em torno do governo.

Antes do início do evento, indígenas fizeram uma apresentação de celebração. O hino nacional foi entoado em Tikuna, uma língua indígena.

As ministras Anielle Franco e Sonia Guajajara durante cerimônia de posse no Palácio do Planalto - Ueslei Marcelino/Reuters - Ueslei Marcelino/Reuters
As ministras Anielle Franco e Sonia Guajajara durante cerimônia de posse no Palácio do Planalto
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Em sintonia — ou ordem — do chefe, praticamente todos os ministros estão presentes. Fora a posse do seu vice, Geraldo Alckmin, no Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, esta é a única cerimônia ministerial que Lula participou.

Além do presidente, da primeira-dama Janja Silva e Alckmin, os ministros da Casa Civil, dos Direitos Humanos e da Justiça, Rui Costa, Silvio Almeida e Flávio Dino, e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) dividiram o palco.

Mais de mil pessoas. As filas começaram a se formar por volta das 15h, duas horas antes do horário previsto. Segundo a organização, mais de mil pessoas eram esperadas no salão nobre.

Como ocorreu na posse de Marina Silva no Meio Ambiente, um telão com transmissão ao vivo foi montado no térreo do palácio para acomodar os que não couberam no salão

Planalto destruído. Pelo menos seis vidros do primeiro andar, onde fica instalado o salão nobre, foram quebrados no domingo, e reinstalados entre o fim da tarde de ontem e esta manhã, para que a cerimônia fosse realizada.

As obras de arte ainda não foram recolocadas — mesmo as não vandalizadas — e os espelhos, na parte dos fundos do salão também não foram trocados.

Um dos púlpitos que retomam a época da fundação de Brasília, nos anos 1960, o mais danificado, ainda não foi restaurado. O outro foi limpo e recolocado no salão.

Quem são as ministras

Liderança indígena mais votada do país na última eleição, a Guajajara compôs uma lista tríplice apresentada por indígenas a Lula, junto a Joenia Wapichana (Rede-RR), nova presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e ao vereador de Caucaia (CE) Weibe Tapeba (PT). Representará o PSOL na Esplanada.

Já Anielle tem um trabalho social conhecido no Rio de Janeiro. Ela criou um instituto com o nome da irmã e, desde então, tem se dedicado em pautas voltadas à igualdade racial, igualdade social, fim da violência policial e equidade de gênero.