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Lula: Bolsonaro usou Bolsa Família eleitoralmente 'para cadastrar o Zap'

Lula participa de café da manhã com jornalistas - 12.jan.2023 - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Lula participa de café da manhã com jornalistas Imagem: 12.jan.2023 - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em Brasília

12/01/2023 14h12Atualizada em 12/01/2023 15h25

O presidente Lula (PT) acusou o governo Jair Bolsonaro (PL) de usar o programa Bolsa Família como um banco de dados para cadastrar eleitores e fazer propaganda por aplicativo de mensagens durante a disputado presidencial no segundo semestre do ano passado.

Em agosto, o governo liberou o benefício, então chamado Auxílio Brasil, para mais 2 milhões de famílias —mais da metade delas composta por apenas uma pessoa.

Desde antes de assumir, os petistas já têm acusado de fazer cadastros indevidos e desorganizados. Um recadastramento deverá ocorrer em fevereiro.

Nós queremos voltar a fazer esse cadastro sério, porque me parece que o cadastro foi utilizado para fazer campanha eleitoral com o Zap [WhatsApp], né? A coisa mais importante no cadastro era o Zap, para que pudesse mandar fake news durante todo o processo"
Lula

Em café da manhã com jornalistas, o presidente disse que, durante os governos petistas, os cadastros eram feitos pelas prefeituras, e apenas gerenciado e financiado pela União. Dessa forma, argumentou, não havia uma ligação tão direta entre o governo federal e o cidadão.

Não era o governo que cadastrava, era a prefeitura que cadastrava, para a fiscalização do Ministério Público. Essa pessoa ia na Caixa, pegava o seu dinheiro sem saber sabe de conversar com qualquer vereador com qualquer deputado ou qualquer gente da Presidência da República"

A medida de recadastramento já havia sido anunciada pelo ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, na última semana. Segundo ele, há famílias que recebem e não deveriam, enquanto há outras que não recebem, mas se encaixam nos critérios.

Mais de 10 milhões de famílias deverão ser reavaliadas e a expectativa é que o número atual, de cerca de 21 milhões beneficiadas, diminua.

"O grande problema da política pública é fazer o dinheiro chegar na mão de quem precisa. E aí você tem de ter um cadastro sério", argumentou Lula.

O presidente também apontou que os critérios usados em seu governo, relativos em especial à frequência da criança na escola e à vacinação, deverão ser retomados.

Você não pode dar dinheiro para uma pessoa sem ter algum compromisso. E qual era grandiosidade do Bolsa Família? Primeiro, a obrigatoriedade das crianças em idade escolar estarem na escola. Se ela não tiver na escola, a mãe não recebe o Bolsa Família. A segunda condicionalidade eram as vacinas. Tem que ter cartão de vacina e as pessoas têm que tomar as vacinas."

O petista lembrou ainda as falas mentirosas de Bolsonaro sobre vacinação, ao falar que surge o desafio de combater também as informações falsas.

"É preciso que a gente converse com a sociedade que ninguém vai virar jacaré, ninguém vai virar onça. A vacina é para evitar que as pessoas morram ou tenham doenças", concluiu.

De Auxílio Brasil para Bolsa Família

  • O pagamento do Auxílio Brasil começava em R$ 400 por integrante. No segundo turno das eleições, a parcela subiu temporariamente para R$ 600.
  • Até dezembro, mais de 21 milhões de famílias receberam o Auxílio Brasil --mais de 8 milhões foram incluídas só no ano passado.
  • No dia da posse, Lula assinou uma MP (Medida Provisória) que garantiu o pagamento mínimo de R$ 600 em todo o ano de 2023.
  • O calendário de pagamentos do Bolsa Família deste ano está disponível no portal do governo federal.