Gilmar diz que minuta revela falta de 'boa intenção' e gera 'indagações'
O ministro Gilmar Mendes, decano do STF (Supremo Tribunal Federal), declarou que a minuta encontrada pela Polícia Federal durante a busca e apreensão na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres "terá que ser esclarecida", além de garantir o prosseguimento de investigações para que tudo "seja trazido a limpo". As afirmações foram dadas em entrevista ao Jornal da Globo de hoje.
Sem dúvida nenhuma, esse documento suscita uma série de indagações. E não é revelador de boa intenção em relação à preservação dos parâmetros da democracia. O mais, terá que ser esclarecido. Certamente o ex-ministro terá oportunidade de proceder a esse esclarecimento, e as investigações hão de prosseguir para que tudo seja trazido a limpo, e que a gente possa ter segurança na preservação da democracia no país"
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal
O que se sabe sobre o rascunho do decreto
- Há sinais de que foi feito depois da derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas;
- A minuta de decreto era para o ex-presidente Bolsonaro instaurar estado de defesa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral);
- Com o decreto em vigor, seria revertido o resultado da eleição em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu com 50,9% dos votos válidos;
- Anderson Torres afirmou em rede social que a minuta foi "vazada fora de contexto" para "alimentar narrativas falaciosas".
A minuta estava no armário do ex-ministro, que teve prisão decretada por suspeita de facilitar, no dia 8, as invasões dos prédios do STF (Supremo Tribunal Federal), Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
"Eu me sinto um pouco destruído. Eu vivo há muitos anos aqui", disse Gilmar Mendes ao visitar a sede dos Três Poderes para ver os estragos causados por bolsonaristas extremistas.
O advogado Rodrigo Roca, que atua na defesa do ex-ministro da Justiça, informou que o manuscrito encontrado na casa de Torres não foi escrito por ele e isto será comprovado pela perícia. "Não é de autoria do ex-ministro. Todos os dias tinha alguém que procurava propondo golpe, estado de sítio. Isso nunca foi levado ao presidente (Jair Bolsonaro). A maior prova é que isso foi encontrado na casa dele", afirmou Roca.
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