Governo Lula dispensa mais nove do GSI; ao menos 140 militares já saíram

O governo Lula dispensou nesta quinta-feira mais nove membros das Forças Armadas que atuavam no GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Levantamento feito pelo UOL no Diário Oficial da União mostra que ao menos 140 militares foram dispensados em 19 dias de governo. Ele estavam lotados em diferentes órgãos ligados à Presidência, como:

• GSI, responsável pela segurança do presidente;
• Gabinete pessoal da Presidência da República;
• Secretaria Especial de Administração da Secretaria-Geral da Presidência.

As primeiras dispensas foram publicadas no dia 3, mas se intensificaram depois dos atos terroristas de 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso foram invadidos —Lula tem falado abertamente em conivência das forças de segurança.

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Nesta semana foram mais de 60 dispensas:

• 40 militares que cuidavam do Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente;
• 22 membros do GSI --alguns estavam lotados no escritório do ministério no Rio de Janeiro, cidade onde o ex-presidente Jair Bolsonaro vivia. Eles continuam nas Forças Armadas, mas serão realocados em outros postos.

As novas dispensas ocorrem após Lula manifestar publicamente desconfiança em relação aos militares. Ele disse que suspeita de que houve conivência de "gente das Forças Armadas" nos ataques às sedes dos Poderes promovidos por golpistas que apoiam Bolsonaro.

Eu estou esperando a poeira baixar. Quero ver todas as fitas gravadas dentro da Suprema Corte, dentro do palácio. Teve muito gente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui dentro conivente. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui
Lula, em café da manhã com jornalistas na semana passada

Reportagem do UOL mostrou que o presidente não quer que o GSI volte a cuidar da sua segurança pessoal em razão dessa desconfiança.

• Ele é protegido hoje por agentes da PF, que o acompanham desde que saiu da prisão, em 2019, e tem pedido alternativas para substituir os militares;
• O governo estuda possibilidades, mas ainda não há prazo nem indicação do que será feito;
• Lula assinou um ato que estabelece que a PF fica com seu entorno pessoal e o GSI cuida do Planalto.

Eu pego o jornal, [tem] o motorista do Exército dizendo que vai me matar e que eu não vou subir a rampa, um outro tenente diz que vai me dar um tiro na cabeça, que eu não vou subir a rampa. Como é que eu vou ter uma pessoa, na porta da minha sala, que pode me dar um tiro? Então, eu coloquei os companheiros que trabalham comigo desde 2010, todos militares
Lula, em café da manhã com jornalistas na semana passada

Ontem (18), em entrevista à Globonews, o presidente afirmou ter havido um "erro" dos serviços de inteligência militar que não o alertaram sobre a possibilidade dos ataques golpistas. Em outro recado às Forças Armadas, ele disse que quem quiser fazer política tire a farda".

Nós temos inteligência do Exército, nós temos inteligência do GSI [Gabinete de Segurança Institucional], nós temos inteligência da Marinha, nós temos inteligência da Aeronáutica, ou seja, a verdade é que nenhuma dessas inteligências serviu para avisar ao presidente da República que poderia ter acontecido isso Lula, em entrevista à Globonews