Desconfiado, Lula quer afastar militares do GSI de sua segurança
O presidente Lula não quer que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional)— composto por ampla maioria de militares— volte a cuidar da sua segurança pessoal. Publicamente desconfiado com a guarda do Palácio do Planalto desde as invasões golpistas do dia 8, ele tem pedido alternativas para substituir os militares.
Lula tem sido protegido por agentes da PF, que o acompanham desde que saiu da prisão, em 2019, e cuidaram de sua segurança na campanha. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o governo já estuda possibilidades.
Em meio a ruídos entre as Forças Armadas e o governo, Rui almoçou hoje com os três comandantes e o ministro da Defesa, José Múcio, na sede do ministério.
O presidente pediu que nós estudássemos modelos de segurança institucional feitos em outros países do mundo. Estamos analisando isso para ver o melhor formato, mais moderno, para que a gente consolide e ele bata o martelo."
Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil
Rui não estabeleceu prazos nem indicou qual modelo deverá ser adotado, mas deixou claro que não deverá ser só o GSI, como tem sido feito tradicionalmente, inclusive nos mandatos anteriores de Lula. Até o governo FHC, o GSI era chamado de Casa Militar.
Quando assumiu, Lula assinou um ato que estabelece uma espécie de modelo híbrido para a segurança: a PF fica com o seu entorno pessoal, enquanto o GSI —hoje comandado pelo general Gonçalves Dias— cuida do Palácio do Planalto.
Se a preocupação de Lula com o contato direto apenas com militares vem desde a campanha eleitoral, piorou após os atos golpistas e arranhou um pouco, segundo pessoas próximas, até sua relação com Gonçalves Dias, de quem é próximo desde 2003, quando comandou o GSI na primeira gestão petista.
Eu pego o jornal, [tem] o motorista do Exército dizendo que vai me matar e que eu não vou subir a rampa, um outro tenente diz que vai me dar um tiro na cabeça, que eu não vou subir a rampa. Como é que eu vou ter uma pessoa, na porta da minha sala, que pode me dar um tiro? Então, eu coloquei os companheiros que trabalham comigo desde 2010, todos militares."
Lula, em café da manhã com jornalistas na semana passada
Segundo a imprensa revelou, ao menos 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial foram dispensados, por escrito, 20 horas antes de bolsonaristas invadirem e depredarem o Palácio do Planalto. Lula tem falado abertamente em conivência.
"Teve muita gente da Polícia Militar conivente, muita gente das Forças Armadas aqui dentro coniventes. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar, porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", disse Lula a jornalistas, na semana passada.
Na manhã de hoje, o governo exonerou mais de 40 militares que cuidam do Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente. Segundo Rui, esse tipo de substituição é comum dada a mudança do governo. "Esperava que mantivéssemos?", questionou o ministro.
Questionado pela imprensa, Rui disse que o clima tenso entre as instituições desde os atentados não foi tema da conversa hoje, mas sim possíveis iniciativas de modernização das Forças Armadas. Ele disse, no entanto, que não há espaço para bolsonarismo no governo.
Não podemos de forma nenhuma permanecer com nossas instituições contaminadas por esse conceito de governo que se encerrou no dia 31. Qualquer nação do mundo, se ela quer se desenvolver, tem que ter instituições de Estado, e não de governo."
Rui Costa
"É preciso pensar projetos de Estado. Não podemos misturar isso com determinados comportamentos inadequados", completou.
Rui negou que os anúncios de investimento tenham sido um "afago" às Forças Armadas. "O presidente pediu isso lá no início, antes mesmo de escolher os comandantes, ele disse que gostaria de alinhar a modernização das Forças", disse.
Ainda segundo ele, o presidente deverá se reunir com Múcio e os comandantes ainda nesta semana.
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