PF prende assessor de deputado do PL, 3º suspeito detido por financiar atos
Carlos Victor de Carvalho é o último dos três presos em operação da Polícia Federal por suspeita de financiar os atos golpistas em Brasília no último dia 8. Considerado até então foragido, ele foi encontrado hoje em uma pousada em Guaçuí (ES).
Após a prisão, Carvalho foi exonerado do cargo de assessor parlamentar do deputado estadual bolsonarista do RJ Filippe Poubel (PL) —no qual atuou desde maio passado. Segundo o deputado, a exoneração se dá "para que ele possa ter pleno direito à defesa nos trâmites do devido processo legal".
Em nota, Poubel disse que "sua oposição ao governo federal não o impede de repudiar atos ilegais".
O salário líquido de Carvalho como assessor parlamentar é de R$ 5.588,30.
CVC, como é conhecido, é líder do grupo "Direita Campos", na cidade de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Militância bolsonarista
Nas redes sociais, CVC se mostra apoiador de Bolsonaro —em seu perfil no Twitter, chega a adotar o sobrenome do ex-presidente— e propaga mensagens golpistas.
Em 8 de dezembro, ele escreveu em um de seus perfis no Facebook: "Imagine só... Você acorda amanhã e fica sabendo que às 5 horas da manhã a Polícia Federal bateu na porta do Alexandre de Moraes e levou ele pra preso. Algumas horas depois é anunciado a anulação [sic] do processo eleitoral fraudado por ele."
Em fotos postadas, o suspeito se exibe com camisetas com o rosto de Bolsonaro. Em uma das imagens, o assessor parlamentar empunha um revólver. Nas redes, CVC também fez coro à campanha pelo voto impresso, liderada pelo ex-presidente, e divulgou convocações para motociatas.
Em publicação no dia seguinte aos ataques, ele criticou o vandalismo em Brasília.
Há 8 anos organizo atos a favor da direita e nunca depredei patrimônio público ou privado, pois repudio totalmente esses atos de vandalismo. O que aconteceu em Brasília deve ser condenado por todos que querem um Brasil livre e democrático. Não devemos nos igualar à esquerda!"
Carlos Victor de Carvalho
Quatro dias após os ataques às sedes dos Três Poderes, o assessor parlamentar acusou —sem qualquer prova ou evidência— o governo Lula de negligência.
Em dezembro, CVC chamou de "infiltrados" extremistas apoiadores de Bolsonaro que atearam fogo em ônibus em ato nas ruas de Brasília.
O UOL não localizou um representante legal de CVC. O espaço segue aberto.
Operação Ulysses cumpre os três mandados
Com a prisão, a PF finaliza os três mandados de prisão que recebeu na chamada Operação Ulysses. Antes, já tinham sido presos o subtenente Roberto Henrique de Souza Júnior e a doceira Elizângela Cunha Pimentel Braga.
Chamada de Ulysses, a ação investiga:
- Lideranças locais que bloquearam as rodovias que passam por Campos dos Goytacazes;
- Quem organizou as manifestações em frente aos quartéis do Exército na cidade;
- E se os investigados participaram na organização e financiamento dos atos golpistas que levaram à invasão dos prédios dos 3 Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro
Os investigados podem ser acusados de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais.
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