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Múcio diz que Lula ligou cedo e o questionou sobre ex-ajudante de Bolsonaro

José Múcio Monteiro, ministro da Defesa de Lula - FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
José Múcio Monteiro, ministro da Defesa de Lula Imagem: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

24/01/2023 12h34Atualizada em 24/01/2023 13h41

O ministro da Defesa disse, em entrevista à GloboNews, que o presidente fez cobranças para que alguma providência fosse tomada a respeito do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como coronel Cid. Segundo reportagem do site Metrópoles, o militar teria coordenado um suposto caixa 2 no gabinete de Bolsonaro.

De noite, surgiram aquelas suspeitas do coronel Cid e eu recebi um telefonema do presidente indagando o que ia acontecer. Eu disse: 'Presidente, eu vou verificar. Eu não estou a par disso, em que pé está'. Ele disse: 'Mas você veja isso. Eu quero saber como isso vai acontecer'." José Múcio, ministro da Defesa

Essa conversa, segundo o chefe da Defesa, ocorreu na noite do dia 20 de janeiro, após a reunião que Lula teve com o próprio Múcio, os comandantes do Exército, Aeronáutica, Marinha, e representantes da indústria.

Ele perguntou: 'Eu quero saber o que vocês vão fazer com isso. Como vocês tratar desse assunto? Há uma nomeação e há uma suspeição'. Eu estava com dificuldade de tratar desse assunto no Exército. Muita dificuldade. Há um espírito de corpo muito forte e um ambiente político muito forte."

No dia seguinte, antes de Lula viajar a Roraima para acompanhar a situação dos yanomami no estado, Múcio disse que o presidente ligou novamente.

Às 6h40 da manhã, no sábado antes de ir para Roraima, o presidente ligou outra vez. Ele disse: 'O que você vai fazer com esse negócio? Eu quero que você resolva. Vamos ver como você vai resolver isso'. Eu senti que aquilo era uma senha para que se resolvesse. [...] Foi quando nós fizemos a mudança de comando [do Exército]."

Segundo o UOL apurou, Lula ficou incomodado com a situação do antigo ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele assumiria, nos próximos dias, o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.

Além disso, a demissão do general Júlio César de Arruda do comando do Exército teve como seu principal motivo a falta de confiança por parte do presidente com o comandante.

De acordo com Múcio, a exoneração foi causada por uma série de motivos, entre eles a resistência de Arruda de evitar a posse do coronel Cid e a situação dos acampamentos bolsonaristas em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.

Não tinha assunto que pudesse virar essa página. E nós só podíamos conversar se a gente virasse essa página."