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Pacheco negocia postos para aliados de Lula na cúpula do Senado e isola PL

Lula e Rodrigo  Pacheco, presidente do Senado - Reprodução / Flickr Agência Senado
Lula e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Imagem: Reprodução / Flickr Agência Senado

Do UOL, em Brasília

31/01/2023 12h17

Às vésperas da eleição à presidência do Senado, aliados do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do governo de Lula (PT) que apoiam a reeleição do senador mineiro discutem a indicação de postos para a cúpula da Casa.

Caso vença a disputa contra o senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), Pacheco deve dar espaço na Mesa Diretora a partidos que integram a Esplanada do Executivo petista, como MDB e União Brasil. O PL, sigla de Bolsonaro, deve ser isolado sem ter representantes no comando do Senado.

O grupo pró-Marinho atua contra o favoritismo de Pacheco e aposta em traidores nos cálculos parciais da disputa. Já aliados de Pacheco dizem que ele sairá vitorioso e com ampla margem de 55 votos —são necessários ao menos 41 votos.

Para manter o mapa de apoios, Pacheco e aliados negociam a distribuição de cargos na Mesa Diretora e nas principais comissões. O UOL apurou como está desenhada, até o momento, a próxima cúpula do Senado. Mudanças, contudo, ainda podem ser feitas:

  • A primeira vice-presidência deve permanecer com o senador Veneziano Vital (MDB-PB);
  • A segunda vice-presidência deve ficar com o União Brasil, que indicaria a professora Dorinha (União-TO);
  • A primeira secretaria, conhecida como a "prefeitura" do Senado, deve ficar com o PT. É a cadeira que tem mais cargos para indicações

Atualmente, o PL tem a segunda vice-presidência, com o senador Romário (RJ). Se Pacheco vencer a disputa, o partido não deverá ocupar nenhum cargo na Mesa Diretora do Senado.

Pacheco ainda tem prometido montar um Conselho de Ética forte e atuante. Segundo fontes, a ideia seria montar algo similar ao que se viu da oposição durante a CPI da Covid.

Costura no Senado e na Câmara

Um dos acordos feitos para manter Pacheco à frente da disputa, segundo fontes, é o voto do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) em troca de apoio de aliados do presidente do Senado à candidatura do filho dele, o deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), para a vaga do TCU (Tribunal de Contas de União) de direito na Câmara.

Pacheco tem ainda o apoio de Lula, com quem se reuniu na semana passada para um jantar. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), atua como uma espécie de coordenador de campanha pela reeleição do presidente do Senado.

Caciques do MDB também fazem parte do time, além do senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Campanha de Marinho

Parlamentares pró-Marinho afirmam que o senador já teria ao menos 35 votos e que estaria empatado com Pacheco. Os 11 senadores restantes estariam indecisos e foram buscados por aliados do ex-ministro de Bolsonaro.

Em outra frente, para reforçar o nome de Marinho na disputa, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, fez um jantar na noite de ontem com deputados e senadores eleitos pela sigla. A proposta foi dar "boas-vindas" e "carimbar" a candidatura do senador.

No fim de semana, houve a formalização do bloco do PL com o PP e o Republicanos —ambas as siglas integravam a base de Bolsonaro no Congresso. Ao todo, são 23 senadores. O grupo ainda conversa com o PSDB, que elegeu quatro senadores. Nos bastidores, esperam também apoio de senadores do Podemos e do PSD, legenda de Pacheco.

Há, no entanto, um entendimento que os acontecimentos de 8 de janeiro enfraqueceram a candidatura de Marinho, já que parlamentares de direita querem agora se afastar do bolsonarismo e de radicais. Para contornar o cenário, o próprio candidato à presidência diz que não apoiou os atos golpistas e cobra que os culpados sejam punidos.