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Após soltura de ex-chefe da PM, defesa de Torres pedirá revogação de prisão

Do UOL, em Brasília

03/02/2023 16h41Atualizada em 03/02/2023 17h40

A defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança do DF, afirmou hoje ao UOL que pedirá a revogação da prisão preventiva dele.

O advogado Rodrigo Roca disse que pretende protocolar o pedido ao Supremo ainda hoje ou, no máximo, na segunda-feira (6).

A decisão foi motivada pela liberdade concedida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PM do DF.

Segundo Moraes, o relatório do interventor federal indica que, embora Vieira exercesse o cargo de chefe da PM durante os atos golpistas de 8 de janeiro, ele "não teria sido diretamente responsável pela falha das ações de segurança que resultaram nos atos criminosos ora investigados".

Os defensores de Torres devem seguir o mesmo caminho da defesa de Vieira. Roca afirma que não há envolvimento nem omissão por parte de Torres em relação ao ato de 8 de janeiro. Segundo o advogado, "no âmbito do planejamento [da segurança para os atos de 8 de janeiro] não foram apontadas falhas".

No entanto, o relatório acusa Anderson Torres de ter recebido informações do ato e não ter agido. Além disso, o documento aponta falhas na segurança.

"O gabinete do secretário [Torres] recebeu a informação sobre [a manifestação golpista] e não houve um plano de ações integradas que é de praxe. A informação, difundida na internet, previa invasão de prédios públicos. Faltou comando e responsabilidade", disse Ricardo Cappelli, que exerceu o cargo de interventor federal na segurança do DF.

A defesa de Torres diz que o ministro elaborou e entregou às forças de segurança um PAI (Plano de Ações Integradas) sobre a possibilidade de um ato no dia 8 de janeiro.

No relatório, o interventor cita a entrega desse plano, mas critica que o documento não foi encaminhado para outros batalhões.

"Naturalmente, essa decisão, por uma questão de isonomia eu diria, claro que cada caso é um caso, mas, se o próprio relatório do interventor aponta falhas no plano da operação, da execução e um dos responsáveis pela execução está solto por ordem do ministro Alexandre de Moraes, eu creio que uma consequência lógica e necessária seja dar-se o mesmo tratamento ao igual", afirmou o advogado.

O advogado pretende, ao menos, conseguir uma substituição da prisão por uma "medida menos gravosa", como prisão domiciliar ou tornozeleira eletrônica.

"A condição da prisão me parece que agora deve ser revista. Eu acredito que o ministro Alexandre de Moraes vá repensar de alguma forma talvez para conceder uma prisão domiciliar", disse Rodrigo Roca.

Celular foi extraviado. Segundo o advogado, o celular de Torres não foi apresentado à PF porque "foi perdido", mas ele sustenta que Torres se comprometeu a entregar senhas de acesso às informações em sua nuvem.

"O celular do ministro foi extraviado, foi perdido. Não há nada para se estranhar nisso. Ele tinha uma ordem de prisão, uma família para cuidar. Não podia dizer para suas filhas da sua nova condição de futuro detento", disse Rodrigo Roca.