Senadores governistas vão ao Conselho de Ética contra Do Val

Senadores governistas vão acionar o Conselho de Ética da Casa contra Marcos do Val (Podemos-ES) após o parlamentar afirmar que pediria o afastamento do ministro do STF Alexandre de Moraes da relatoria do inquérito dos atos golpistas.

A ação deve ser protocolada na semana que vem. Ao UOL, o senador Omar Aziz (PSD-AM) disse ser "grave" a declaração de Do Val sobre o suposto plano de gravar Moraes e tentar reverter o resultado das eleições presidenciais.

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Do Val tinha três possibilidades que poderia fazer imediatamente. A primeira, de denunciar a abordagem. A segunda, avisar a presidência do Senado. A terceira, avisar o partido.
Senador Omar Aziz

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o seu partido também acionará o conselho contra Do Val.

Uma das promessas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a reeleição é tornar o Conselho de Ética "forte e ativo" durante esta legislatura.

A previsão é de que o colegiado passe a funcionar após o Carnaval. As bancadas, contudo, ainda precisam indicar os integrantes e a presidência da comissão ainda tem que ser definida.

A reportagem também conversou reservadamente com outros senadores de diferentes partidos que, inicialmente, afirmaram que não iriam apresentar uma representação contra Do Val, mas que ele deveria se afastar dos trabalhos legislativos para "cuidar da cabeça".

Mas, após Do Val apresentar diferentes versões e traçar uma ofensiva contra Moraes, esse posicionamento mudou. O senador terá que explicar como foi a suposta reunião entre ele, Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e qual foi o teor das conversas.

Plano golpista

Marco do Val acusou Bolsonaro e Silveira de terem feito uma reunião para colocar em prática um plano golpista a fim de reverter o resultado das eleições.

Segundo Do Val, na suposta reunião, eles teriam discutido gravar Moraes para tentar deslegitimar o sistema eleitoral.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, disse ontem (2), em nota, que "nunca houve qualquer tentativa de golpe" por parte do pai.

"Nunca houve qualquer tentativa de golpe. O presidente Jair Bolsonaro é um defensor da lei e da ordem e sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição", disse Flávio.

O advogado Jean Garcia, que defende Daniel Silveira, classificou o relato de Do Val de "especulação".

"Sobre as declarações do senador Marcos do Val (Podemos-ES), enquanto ele não apresentar provas concretas, fatos comprovados, se trata apenas de especulação. Nós não comentamos especulações", afirmou o defensor.