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Perícia da PF diz que Torres mandou barrar entrada de golpistas no STF

10.nov.2022 - O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, preso hoje pela PF - Tom Costa / MJSP
10.nov.2022 - O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, preso hoje pela PF Imagem: Tom Costa / MJSP

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em Maceió

09/02/2023 18h41Atualizada em 09/02/2023 20h11

"Não deixe chegar ao Supremo", escreveu Anderson Torres ao delegado Fernando Oliveira em 8 de janeiro durante as invasões aos prédios dos Três Poderes.

A mensagem está na perícia feita pela PF (Polícia Federal) no celular de Oliveira —que estava no comanda da Segurança do Distrito Federal durante viagem de Torres. O documento foi apresentado hoje ao STF (Supremo Tribunal Federal).

"Importante salientar que, a partir do momento em que no grupo Difusão é divulgada a informação de que manifestantes chegam à Esplanada dos Ministérios e começam a mexer em peças metálicas que estavam disponíveis no gramado central, há uma ênfase por parte do ex-ministro Anderson Torres, para Fernando, para que não deixasse chegar ao STF", concluiu a PF em sua perícia.

A Polícia Federal não pôde realizar perícia no celular pessoal de Anderson Torres, porque o aparelho não foi localizado pelos agentes. Segundo o advogado do ex-secretário, Rodrigo Roca, ele "perdeu" seu aparelho celular nos Estados Unidos devido à "correria" para voltar ao Brasil após ter pedido de prisão expedido.

Roca justificou que Torres "perdeu" o celular durante a troca de avião no aeroporto de Miami, porque estava "atormentado, com a mente completamente atabalhoada".

Anderson Torres foi demitido do cargo de secretário de Justiça do Distrito Federal já no dia 8 de janeiro. Desde 14 de janeiro, ele está preso em Brasília, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, por suspeita de inação frente aos atos antidemocráticos na capital federal.

No final de semana dos atos golpistas, ele estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos, mesmo país em que se encontra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem ele é aliado e foi ministro da Justiça e Segurança Pública.

Na vacância de Torres, Oliveira passou a comandar a secretaria em 6 de janeiro, dois dias antes dos atos.

Conforme a perícia da PF, Oliveira foi imediatamente informado sobre as chances de manifestações antidemocráticas em Brasília naquele final de semana. A partir de então, todos os movimentos dos golpistas passaram a ser monitorados pela segurança do DF e as informações eram repassadas em um grupo chamado "Difusão", que contava com a presença de Torres.

Torres teria orientado Fernando a manter o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), "sempre atualizado". A partir de então, Ibaneis teria sido municiado com relatórios enviados de três a quatro vezes por dia.

No dia 8/1, o grupo "Difusão" foi um importante canal de comunicação entre os responsáveis pela segurança do DF. Quando os golpistas conseguiram subir a rampa do Congresso Nacional e invadiram o prédio, Fernando Oliveira pediu ao então comandante-geral da PM, coronel Fábio Augusto, para que fizesse o uso da força para proteger os prédios da República, "principalmente do STF".

A PF reiterou que, a partir da análise feita no celular de Fernando Oliveira, o delegado agiu de forma a coibir a ação dos vândalos na capital federal.

Após os atos golpistas, Fábio Augusto foi afastado do comando-geral da PMDF e preso no dia 11/1, por determinação de Alexandre de Moraes. O coronel é suspeito de omissão na contenção dos atos golpistas.

O governador Ibaneis Rocha continua afastado do cargo, também por determinação de Moraes e Anderson Torres segue preso em Brasília. O coronel Fábio Augusto foi liberado da prisão na semana passada.