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Preso hoje, ex-chefe de setor da PM estava de folga no dia de ato golpista

Jorge Eduardo Naime Barreto era chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do DF - Divulgação/PM-DF
Jorge Eduardo Naime Barreto era chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do DF Imagem: Divulgação/PM-DF

Do UOL, em São Paulo

07/02/2023 12h08Atualizada em 07/02/2023 18h19

O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-chefe do Departamento Operacional da PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal), estava de folga entre os dias 3 e 8 de janeiro, data em que ocorreram os atos golpistas em Brasília.

Ele foi preso hoje pela Polícia Federal em uma operação que investiga a organização e o financiamento da invasão nos prédios dos Três Poderes.

Barreto era o chefe do setor responsável por elaborar o plano de segurança no DF. Dois dias após os ataques de bolsonaristas, ele foi afastado do cargo pelo interventor na segurança do Distrito Federal, Ricardo Capelli.

Um relatório sobre os atos golpistas, elaborado pelo interventor Capelli, destacou o período de folga do PM: "Solicitou 'dispensa recompensa' entre os dias 03/01/2023 e 08/01/2023, razão pela qual não estava de serviço no dia dos fatos".

Hoje, após a prisão, a defesa do coronel emitiu uma nota:

O militar agiu conforme a lei técnica, realizando todas as prisões ao alcance das condições materiais com as quais contava no momento. O avanço das investigações vai mostrar a inocência do coronel que há 30 anos presta serviços relevante à população do DF."

O atual comandante da PM no Distrito Federal, Klepter Rosa Gonçalves, foi o responsável por autorizar os dias de folga do coronel Barreto no início de janeiro, segundo reportagem publicada no sábado pelo jornal Folha de S. Paulo.

Em 5 de janeiro, ainda na posição de subcomandante-geral, Gonçalves assinou um requerimento autorizando o afastamento de Barreto entre os dias 3 e 8 daquele mês.

Ao jornal, o advogado de Barreto, Gustavo Mascarenhas, afirmou que seu cliente estava fora da capital federal no dia dos atos golpistas, mas retornou por solicitação de superiores para ajudar a controlar a situação, por volta das 18h.

Além de Barreto, o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres também estava fora de Brasília na data. Ele foi demitido e está preso desde que desembarcou dos Estados Unidos, em 14 de janeiro.

Quem é Barreto?

Coronel recebeu R$ 55 mil líquidos em seus vencimentos de novembro. O Portal da Transparência do DF mostra dois holerites de novembro do ano passado com o nome e o CPF de Barreto — um com remuneração de coronel sem função e outro com um adicional para a função de chefe.

  • Ele é formado em direito pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal e bacharel em Segurança Pública pela Academia de Polícia Militar de Brasília, conforme currículo apresentado na internet;
  • Recebeu em 1999 uma medalha de dez anos de bons serviços prestados à Polícia Militar do Distrito Federal;
  • Também teve um cargo de subsecretário na Secretaria de Turismo do DF, de 2012 a 2014.

5ª fase da Operação Lesa Pátria

A PF cumpriu hoje quatro mandados de prisão e seis de busca e apreensão. Além de Barreto, os presos são:

  • tenente Rafael Pereira Martins;
  • o capitão Josiel Pereira César, ajudante de ordens do comando-geral da PM-DF,
  • o major Flávio Silvestre de Alencar, que apareceu em imagens liberando acesso para que os invasores entrassem no prédio do STF.

A corregedoria da Polícia Militar do DF acompanhou o cumprimento dos mandados.