Empresário e 'soldado de Bolsonaro': quem é o vereador que ofendeu baianos
O vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel (Patriota), 54, que ofendeu ontem trabalhadores encontrados em condição análoga à escravidão, é um empresário bolsonarista que exerce seu primeiro mandato.
Em discurso na Câmara, ele deu a entender que os trabalhadores explorados, na sua maioria baianos, são preguiçosos e sujos. O político foi procurado pelo UOL, mas ainda não se manifestou. Hoje ele foi expulso do partido.
Fantinel se define como "o único bolsonarista raiz" da Câmara e um "soldado fiel" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nas redes sociais, há fotos dos dois juntos.
Ele criou em 2017 uma "Comissão Pró-Bolsonaro" para ajudar na eleição presidencial do ano seguinte. O grupo era formado por empresários de direita.
O patrimônio dele disparou em dois anos, conforme declarações dadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Fantinel declarou R$ 13 mil ao listar apenas um bem ao se candidatar a vereador em 2020: um veículo Ford Courier ano 2007. Já no ano passado, quando concorreu a deputado estadual e não foi eleito, declarou R$ 311 mil distribuídos em três terrenos, um carro, uma participação societária e um depósito bancário.
A criação de escolas cívico-militares e o projeto "Escola Sem Partido", ambas pautas bolsonaristas, estão entre os objetivos de seu mandato. O desenvolvimento do agronegócio também é uma de suas prioridades.
Meu trabalho esse ano aqui com certeza será sempre direcionado pela direita, pela luta pela família, pela pátria, pelos nossos trabalhadores rurais, agricultores, as questões importantes da nossa cidade (...) Estarei sempre do lado da direita, lutando por aqueles que aqui me colocaram. Nunca vos envergonharei! Peço que vocês acompanhem nosso trabalho para que saibam quem é quem dentro dessa Casa
Sandro Fantinel ao comentar início dos trabalhos da Câmara, em 17 de fevereiro
O vereador defendeu, sem provas, que havia infiltrados nos atos golpistas de 8 de janeiro e chamou as prisões de "arbítrio". "Não que os que erraram não tem que pagar, tem que pagar, mas os que erraram, não os demais", defendeu na ocasião.
Ele convocou um ato contra o resultado das eleições ano passado, em frente ao quartel do Exército em Caxias do Sul, no dia 2 de novembro.
Relembre o caso
As 215 pessoas liberadas do trabalho análogo à escravidão eram contratadas de uma empresa terceirizada que fornecia mão de obras para grandes vinícolas da região.
Elas eram mantidas nas empresas contra a vontade, submetidas a jornadas exaustivas e recebiam comida imprópria para consumo. Vários deles narraram tortura com armas de choque e spray de pimenta.
Repercussão
A fala do vereador foi seguida de manifestações de repúdio de autoridades. Os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) se pronunciaram:
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