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De joias a cuecas: Bolsonaro recebeu 19,4 mil presentes na Presidência

Outro pacote de joias enviado pelo governo da Arábia Saudita foi entregue ao governo de Jair Bolsonaro - Ueslei Marcelino/Reuters e Reprodução
Outro pacote de joias enviado pelo governo da Arábia Saudita foi entregue ao governo de Jair Bolsonaro Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters e Reprodução

Colaboração para o UOL, em Brasília

10/03/2023 10h41

Uma lista elaborada pela Presidência da República com os presentes recebidos por ex-mandatários, atendendo a pedidos da imprensa via Lei de Acesso à Informação mostra que Jair Bolsonaro recebeu 19.470 presentes durante seu mandato de quatro anos.

O que mostra a lista:

  • A lista inclui 618 bonés, 448 camisas de futebol, 245 máscaras de proteção facial, 242 camisas polo, 165 terços, 112 gravatas, 74 facas, 54 colares, 44 relógios, 42 casacos e 17 pares de sapato, além de munição e colete à prova de balas, ursinhos de pelúcia e cuecas;
  • Também constam no acervo 3.448 objetos como jornais, revistas e livros, e 5.806 peças audiovisuais;
  • Ainda há um grande número de quadros presenteados por apoiadores a Jair Bolsonaro (PL). Os itens estão armazenados num galpão, cuja localização não é conhecida publicamente;

A divulgação ocorre num momento em que o ex-presidente é alvo de críticas por conta de um pacote enviado pela Arábia Saudita. Os presentes incluem um relógio, caneta, abotoaduras e anel. Além disso, outro lote de joias, avaliadas em mais de R$ 16,5 milhões, também foi enviado ao Brasil por meio da comitiva liderada por Bento Albuquerque. Esses itens foram apreendidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP) e não chegaram a ser incorporados ao acervo.

Na quinta-feira (9), o TCU (Tribunal de Contas da União) proibiu o ex-presidente de usar, dispor ou vender as joias. A Corte de Contas abriu investigação para apurar se houve tentativa de violar as regras de entradas de bens no país e "afronta à diferenciação do que seja bem público e do que seja bem pessoal". O estojo foi transportado na mudança do ex-presidente do Palácio do Alvorada. Todos os presentes dados em viagens devem ser encaminhados ao Departamento de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal do Presidente da República.

Em sua defesa, Bolsonaro tem dito que o pacote de joias tem "caráter personalíssimo", mesmo não tendo o nome dele ou as iniciais nos objetos. O advogado Frederick Wassef, que representa Bolsonaro, disse que o ex-presidente declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens.

Os ex-funcionários da Presidência que transportaram e registraram os presentes da Arábia Saudita deverão ser ouvidos pela PF (Polícia Federal). A corporação também deve realizar análise das imagens das câmeras de segurança do aeroporto de Guarulhos.