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Lula exonera comandante do Planalto suspeito de envolvimento no 8/1

Leonardo Martins, Leonardo Martins, Carla Araújo e Pedro Vilas Boas

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em Salvador

12/04/2023 11h16Atualizada em 12/04/2023 13h45

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes teve sua exoneração publicada ontem (11) no Diário Oficial da União, apesar de já ter mudado de cargo desde o dia 23 de março. Ele era o responsável pela segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Hoje, militares envolvidos nos atos de invasão aos prédios dos três Poderes dão depoimentos à PF (Polícia Federal).

O que aconteceu

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes assumiu, em 23 de março, a 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército.

Ontem, a decisão foi assinada pelo presidente Lula e a exoneração do Comando Militar do Planalto foi publicada no Diário Oficial da União.

Apesar da coincidência da publicação da exoneração com os depoimentos dos fardados à PF, militares dizem que o atraso para a divulgação no Diário Oficial de uma decisão previamente tomada é "normal".

Em fevereiro, o Exército divulgou um comunicado à tropa informando a mudança de cargo do general.

Em nota hoje, o Exército reforçou "que não há qualquer relação entre as exonerações e nomeações publicadas no Diário Oficial da União em 10 de abril e os esclarecimentos que serão prestados por militares no interesse do inquérito 4923 da Polícia Federal".

Como foi a decisão da troca de comando

A decisão de mudar Dutra de posto foi tomada visando reduzir os atritos entre Lula e os comandantes militares. Eles ficaram sob desconfiança após os atos de 8 de janeiro.

Enquanto a Polícia Militar do Distrito Federal, já sob intervenção do governo, se colocava à disposição para desmantelar o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, o general Dutra teria apresentado resistência em entrar e prender os bolsonaristas.

Ainda segundo apuração da reportagem, o militar argumentava que havia possibilidade de conflito violento com os acampados caso desfizessem o local sem planejamento.

No entanto, planejar levaria tempo e daria possibilidade de fuga, segundo a interpretação de interlocutores do Palácio do Planalto. Lula pressionou para que os bolsonaristas fossem presos ou, ao menos, cercados para serem detidos no dia seguinte.

Além da atuação de Dutra, a participação do então comandante do Exército, Julio César de Arruda, também irritou o presidente Lula e aumentou a quebra de confiança do governo com os militares.

80 militares depõem hoje

A PF começou hoje (12) a tomar o depoimento de cerca de 80 militares sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando radicais invadiram e depredaram as dependências do Supremo, Planalto e Congresso.

As diligências são realizadas como parte da investigação sobre a participação de policiais militares e membros das Forças Armadas nos atos golpistas.

A apuração tramita em sigilo no STF e foi instaurada após pedido da Polícia Federal para investigar a "autoria" e a "materialidade" de "eventuais crimes cometidos por integrantes das Forças Armadas e Polícias Militares".