Em briga com União Brasil, ministra tem apoio do governo para manter cargo
A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, deverá ficar com o comando da pasta mesmo após pedir desfiliação do União Brasil.
O que aconteceu
Em disputa com o presidente do União, Luciano Bivar, lideranças no Rio decidiram deixar o partido. O movimento foi liderado pelo prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, ex-presidente estadual da sigla e marido de Daniela.
Em meio ao embate, Daniela conseguiu uma sinalização do Planalto de que ela ficaria no cargo, mesmo saindo da sigla, segundo o UOL apurou. Diferentemente de outras vagas do União Brasil, a indicação da ministra foi costurada em um acordo por meio do apoio do marido — não do partido.
Aliados do presidente Lula (PT) afirmam que a ministra só pediu para sair da sigla após uma espécie de consulta prévia de que poderia se manter no cargo.
Parlamentares do União Brasil ouvidos pela reportagem afirmam que o partido deve recorrer do pedido de desfiliação.
Interlocutores do governo reconhecem que manter Daniela no cargo pode inflamar ainda mais a bancada do União Brasil, que reivindica indicar um nome para o posto.
Por outro lado, a manutenção do acordo com Daniela serviria de impulso para que os parlamentares da sigla se posicionassem sobre compor a base aliada.
O União Brasil elegeu a terceira maior bancada da Câmara com 59 deputados. No Senado, o partido tem a quarta maior, com nove senadores.
No Congresso, integrantes do PT defendem que as primeiras votações de temas polêmicos serão uma espécie de "teste" do comprometimento na bancada do União com o governo.
Trato é trato
As vagas do União Brasil foram as últimas a compor o grupo ministerial, no fim de dezembro, às vésperas da posse. Por apoio no Congresso, o partido, que se diz independente, ficou com três indicações:
- Daniela no Turismo;
- Juscelino Filho (União-MA) em Comunicações;
- Waldez Góes (PDT, que acabou nunca se filiando ao União Brasil), ex-governador do Amapá, em Desenvolvimento Regional.
Dos três, a indicação de Daniela não passou pelo partido. Deputada mais votada do Rio de Janeiro, ela e o marido são, hoje, as lideranças mais influentes da Baixada Fluminense.
Belford Roxo é o reduto eleitoral da família, onde Waguinho é atualmente prefeito. Ele foi um dos responsáveis pelo aumento da votação de Lula na Baixada Fluminense. Lula teve 8% a mais de votos do primeiro ao segundo turno no estado.
Houve inclusive um comício em Belford Roxo, quando Daniela dançou de mãos dadas com a primeira-dama Janja.
Já Juscelino e Waldez foram diretamente indicados em uma articulação que incluiu Bivar, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A relação do casal se dá de maneira diferente dos outros dois inclusive nas conversas com o Planalto. Com pretensões maiores no estado, os dois querem se manter próximos a Lula, e o presidente vê o apoio com bons olhos.
A saída de Daniela do partido, pelo qual se elegeu, ainda depende de uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre desfiliação com perda ou não de mandato.
Situação delicada
A decisão cria uma saia justa para o Planalto. Embora o União Brasil se diga independente, o governo conta com o apoio da sigla em votações de pautas-chave, como arcabouço fiscal e a reforma tributária.
A visão no Planalto é que o partido tem tentado adotar uma posição "confortável": faz pressão e cobra por cargos quando interessa, mas, no Congresso, faz questão de ressaltar que é independente — com parte da bancada fazendo oposição.
Por isso, o governo diz, oficialmente, que não vai "se meter na briga", mas dá sinais nos bastidores de que pretende manter a aliada fluminense na vaga.
Lula minimizou foto de ministra com miliciano
Após reportagens do jornal Folha de S.Paulo mostrarem que a ministra manteve elo político com lideranças ligadas a milícia, o presidente Lula decidiu minimizar o episódio.
"Ela aparecia num caminhão lá com um cara miliciano. Eu sinceramente se for levar em conta pessoas que estão em fotografia ao lado de outras pessoas, a gente não vai conversar com ninguém, porque eu sou o cara que mais tiro fotografia no mundo", disse o presidente, ao comentar a situação.
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