Em aceno ao governo, Pacheco adia sessão do Congresso e CPMI do 8/1
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu hoje (18) adiar a sessão conjunta do Congresso Nacional para barrar a possível instalação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro.
O que aconteceu?
Pacheco remarcou a sessão de hoje no Congresso, que analisaria vetos presidenciais, para o dia 26.
A decisão favorece o governo Lula (PT) e ocorreu após Pacheco se reunir com líderes do Senado e da Câmara.
Com o adiamento, parlamentares contrários ao governo se reunirão para traçar uma estratégia de obstrução nas votações do Congresso e avaliar se recorrerão à Justiça.
O papel do governo
Aliados do Palácio do Planalto trabalharam para tentar desidratar o apoio em torno do requerimento para a instalação da CPMI.
Líderes de partidos aliados passaram a segunda-feira pedindo para deputados retirarem as assinaturas do pedido. Foi em vão.
Número de assinaturas é suficiente para iniciar a CPMI, dizem deputados de oposição. O grupo afirmava contar com o apoio de 194 deputados e 37 senadores — o número mínimo é de 171 deputados e 27 senadores.
O deputado André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento, usou as redes sociais para dizer que havia o quórum necessário de deputados para abrir a sessão do Congresso e pressionar Pacheco.
Deputados aliados de Jair Bolsonaro (PL) citam que Pacheco "deu sua palavra". Até parte de parlamentares de partidos da base defendiam que o presidente do Senado lesse o requerimento.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), por exemplo, afirmou que "nada mudaria" ler o pedido de investigação hoje ou daqui a uma semana e disse que não ocorreria um "milagre" de retirada de assinaturas.
Oposição fala em manobra do governo
Líderes da oposição afirmaram que o adiamento seria uma "manobra" do governo para conseguir retirar assinaturas de apoio à CPMI.
Os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e do Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), contudo, afirmam que o pedido de adiamento é por causa do envio de um projeto de crédito extraordinário para bancar o piso da enfermagem.
O presidente Lula só assinará a proposta nesta tarde e, assim, não precisaria ter duas sessões do Congresso tão próximas (uma nesta semana e outra na semana que vem).
O acordo, segundo Jaques Wagner, é de que a sessão do dia 26 seja aberta com a leitura de requerimentos pendentes na pauta.
Pacheco justificou, em coletiva de imprensa, que, devido aos requerimentos apresentados pela maioria da Câmara e do Senado pelo adiamento, optou por remarcar a sessão. Ele confirmou o acordo de ler, como primeiro item da pauta, o requerimento da CPMI.
A sessão conjunta de hoje analisaria 26 vetos remanescentes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sete vetos do presidente Lula (PT) e projetos do Congresso Nacional.
Por que o governo é contra a CPMI do 8/1
Nos bastidores, governistas minimizam o possível desgaste para Lula se a CPMI for instalada. Afirmam que o presidente não sofreria com a investigação e que, mesmo com as assinaturas suficientes, "não vai haver CPMI".
Governistas não têm estratégia clara para evitar que a comissão seja instalada e terá de apelar para o centrão.
Medo é que CPMI trave propostas prioritárias do governo. Além do palanque para congressistas da oposição, o governo teme que a comissão tire o foco dos parlamentares de outras pautas consideradas prioritárias, como a reforma tributária.
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