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Em aceno ao governo, Pacheco adia sessão do Congresso e CPMI do 8/1

07.03.23 - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente Lula em cerimônia no TSE - REUTERS/Adriano Machado
07.03.23 - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente Lula em cerimônia no TSE Imagem: REUTERS/Adriano Machado

Do UOL, em Brasília

18/04/2023 13h55Atualizada em 18/04/2023 15h38

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu hoje (18) adiar a sessão conjunta do Congresso Nacional para barrar a possível instalação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro.

O que aconteceu?

Pacheco remarcou a sessão de hoje no Congresso, que analisaria vetos presidenciais, para o dia 26.

A decisão favorece o governo Lula (PT) e ocorreu após Pacheco se reunir com líderes do Senado e da Câmara.

Com o adiamento, parlamentares contrários ao governo se reunirão para traçar uma estratégia de obstrução nas votações do Congresso e avaliar se recorrerão à Justiça.

O papel do governo

Aliados do Palácio do Planalto trabalharam para tentar desidratar o apoio em torno do requerimento para a instalação da CPMI.

Líderes de partidos aliados passaram a segunda-feira pedindo para deputados retirarem as assinaturas do pedido. Foi em vão.

Número de assinaturas é suficiente para iniciar a CPMI, dizem deputados de oposição. O grupo afirmava contar com o apoio de 194 deputados e 37 senadores — o número mínimo é de 171 deputados e 27 senadores.

O deputado André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento, usou as redes sociais para dizer que havia o quórum necessário de deputados para abrir a sessão do Congresso e pressionar Pacheco.

Deputados aliados de Jair Bolsonaro (PL) citam que Pacheco "deu sua palavra". Até parte de parlamentares de partidos da base defendiam que o presidente do Senado lesse o requerimento.

O senador Omar Aziz (PSD-AM), por exemplo, afirmou que "nada mudaria" ler o pedido de investigação hoje ou daqui a uma semana e disse que não ocorreria um "milagre" de retirada de assinaturas.

Oposição fala em manobra do governo

Líderes da oposição afirmaram que o adiamento seria uma "manobra" do governo para conseguir retirar assinaturas de apoio à CPMI.

Os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e do Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), contudo, afirmam que o pedido de adiamento é por causa do envio de um projeto de crédito extraordinário para bancar o piso da enfermagem.

O presidente Lula só assinará a proposta nesta tarde e, assim, não precisaria ter duas sessões do Congresso tão próximas (uma nesta semana e outra na semana que vem).

O acordo, segundo Jaques Wagner, é de que a sessão do dia 26 seja aberta com a leitura de requerimentos pendentes na pauta.

Pacheco justificou, em coletiva de imprensa, que, devido aos requerimentos apresentados pela maioria da Câmara e do Senado pelo adiamento, optou por remarcar a sessão. Ele confirmou o acordo de ler, como primeiro item da pauta, o requerimento da CPMI.

A sessão conjunta de hoje analisaria 26 vetos remanescentes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sete vetos do presidente Lula (PT) e projetos do Congresso Nacional.

Por que o governo é contra a CPMI do 8/1

Nos bastidores, governistas minimizam o possível desgaste para Lula se a CPMI for instalada. Afirmam que o presidente não sofreria com a investigação e que, mesmo com as assinaturas suficientes, "não vai haver CPMI".

Governistas não têm estratégia clara para evitar que a comissão seja instalada e terá de apelar para o centrão.

Medo é que CPMI trave propostas prioritárias do governo. Além do palanque para congressistas da oposição, o governo teme que a comissão tire o foco dos parlamentares de outras pautas consideradas prioritárias, como a reforma tributária.