Governo vê CPMI de 8/1 como 'inevitável' e negocia o controle da comissão
Após a demissão do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, a base governista no Congresso avalia que a criação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas de 8 de janeiro é "inevitável". Por isso, tenta negociar o controle da comissão.
O que aconteceu?
O governo mudou o discurso e passou a dar o aval à abertura de uma investigação. Isso ocorreu hoje, depois que o até então ministro do GSI apareceu nas imagens da invasão no Palácio do Planalto.
A aposta de governistas é indicar o maior número de aliados possível para a CPMI.
Um dos objetivos é isolar os escolhidos da oposição. A base do governo Lula no Congresso vai negociar um nome para ocupar os cargos principais da comissão.
A avaliação do líder do maior bloco da Câmara, Felipe Carreras (PSB-PE), é de que terá a indicação do relator. O bloco abriga 175 parlamentares do PP (sigla do presidente da Câmara, Arthur Lira), União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e pela federação Cidadania-PSDB.
Já a escolha do presidente da CPMI deve ficar a cargo do Senado Federal.
São 15 senadores e 15 deputados titulares na CPMI. A divisão é feita baseada na formação de blocos.
O que dizem os governistas
O discurso entre aliados do governo no Senado e na Câmara não estavam afinados. Parlamentares ouvidos pelo UOL afirmam que não havia consenso na base sobre que posição tomar em relação à CPMI.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), evitou dizer que o Palácio do Planalto vai incentivar que aliados assinem o requerimento de abertura. Mas afirmou que, assim que o pedido for lido, o governo será "o primeiro" a indicar os integrantes.
"Se o Congresso quiser instalar a CPMI, estamos prontos para ajudar, inclusive para investigar".
José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara
Segundo Guimarães, o governo vai "colaborar" para que a comissão "apure tudo" referente aos atos golpistas e aos financiadores dos ataques. A fala é endossada por deputados aliados:
Quem não deve não teme. Quem cometeu os ilícitos de 8 de janeiro não foi ninguém da base do governo. O Lula é, na verdade, vítima deste processo. Por que a gente vai hesitar? Eu comemoro a decisão do líder do governo em estimular que a CPMI seja instalada. Eu acho que vai ser muito importante".
Orlando Silva (PCdoB-SP), deputado aliado de Lula
Quais os próximos passos?
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), vai ler o pedido de CPMI da oposição caso ela preencha todos os requisitos. A sessão do Congresso está marcada para a próxima quarta-feira (26), como mostrou o UOL.
Deputados aliados avaliam que o governo sairá muito mais desgastado, sobretudo em um período em que se esperam votações prioritárias para o governo, como o projeto do novo arcabouço fiscal e a reforma tributária.
Centrão foi acionado para retirada de assinaturas. Apesar da mudança no discurso, interlocutores do presidente Lula (PT) pediram para parlamentares retirarem as assinaturas do requerimento da CPMI e acionaram os líderes de bancadas, inclusive do Centrão, para articular isso.
Como oposição está trabalhando
A estratégia bolsonarista de usar as redes sociais para constranger os deputados que retirassem o apoio à CPMI desencorajou parlamentares.
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, terá três cadeiras no comando da CPMI, segundo cálculos de técnicos.
A oposição afirma contar com o apoio de 194 deputados e 37 senadores para a leitura do requerimento — o número mínimo é de 171 deputados e 27 senadores.
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