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CPI apontou elo de prefeito com laboratório de cocaína; caso foi arquivado

Do UOL, em São Paulo

26/04/2023 04h00Atualizada em 26/04/2023 08h37

O prefeito de 65 anos que se casou com uma adolescente de 16 anos e nomeou a sogra como secretária no Paraná já foi apontado pela CPI do Narcotráfico como chefe de um esquema internacional de tráfico de drogas. Os deputados federais também o acusaram de manter um laboratório de refino de cocaína numa chácara com pista para aeronaves.

O que aconteceu

Hissam Hussein Dehaini (sem partido) foi preso em março de 2000 após alegar inocência em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), no dia 1º daquele mês. Ele também foi acusado pelo crime de formação de quadrilha e por supostamente ter pago propina a policiais em troca de proteção em Araucária (PR), onde hoje está à frente da prefeitura.

O então empresário permaneceu 104 dias na Prisão Provisória do Ahú em Curitiba, capital paranaense. Foi solto por decisão da Justiça após pedido da defesa, que havia alegado que o prazo de prisão provisória havia expirado.

A CPI acusou Hissam de manter um laboratório de refino de cocaína em uma chácara na cidade de Campo Largo (PR). Segundo a denúncia, no local também havia uma pista de pouso para aeronaves. A chácara ficava a cerca de 30 km de Araucária (PR).

[Hissam foi] denunciado por chefiar o tráfico em Araucária e região metropolitana de Curitiba (...) e manter laboratório de refino em sua chácara
Trecho extraído de relatório da CPI do Narcotráfico de 2000

Hissam foi inocentado pela Justiça em 2010. "O próprio Ministério Público, que havia acusado Hissam de associação para traficância, considerou, no decorrer do processo, que não haviam evidências que comprovassem o crime", diz a decisão judicial.

Patrimônio milionário e outras acusações

O então empresário afirmou à CPI que o patrimônio de R$ 5 milhões na época era resultado de atividades de hotelaria, revenda de postos de combustíveis e de táxi aéreo. Ele negou as acusações de envolvimento com o crime organizado.

Hissam declarou ter um patrimônio de R$ 14 milhões ao TSE nas eleições de 2020 — quando foi reeleito a prefeito pelo Cidanania, partido que deixou ontem. A maior parte dos bens está em imóveis, um helicóptero e dinheiro em espécie.

Ele já foi investigado sob a suspeita de outros crimes. Em 2007, chegou a ser detido pela Operação Metástase, da PF, que teve como alvo 25 suspeitos de participar de um esquema de fraudes em licitações da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

Em março de 2020, Hissam foi condenado em um processo por corrupção em Roraima. Ele foi apontado em denúncia do MPF como um dos líderes da organização, que fraudava licitações da Funasa, e recorre da sentença em segunda instância.

O UOL procurou a defesa do prefeito para que ele se posicionasse sobre o caso, mas não obteve resposta. O texto será atualizado se houver manifestação.