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CPI de 8/1: Governistas apostam em minuta do golpe; oposição mira em Dino

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, faz leitura de requerimento para instalação da CPMI do 8 de janeiro - Reprodução
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, faz leitura de requerimento para instalação da CPMI do 8 de janeiro Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

27/04/2023 04h00

Aliados do governo e parlamentares da oposição disputarão o comando da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de janeiro para poder controlar a narrativa dos trabalhos. Conheça a estratégia de cada lado.

O que deve acontecer

Governistas focarão na minuta golpista encontrada com Anderson Torres, ex-ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e secretário de Segurança do Distrito Federal à época dos ataques.

Traçarão uma linha temporal desde o período eleitoral para mostrar o papel que Bolsonaro e seus apoiadores tiveram nas invasões aos prédios da praça dos três Poderes.

Citarão a ação da Polícia Rodoviária Federal no dia do segundo turno, a falta de reconhecimento do resultado das urnas, o fechamento de estradas, os acampamentos em quartéis, o incêndio de veículos no dia da diplomação de Lula e a bomba colocada em um caminhão perto do aeroporto de Brasília.

A cronologia mostrará uma escalada de fatos que culminou na invasão na capital federal.

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Jair Bolsonaro e Anderson Torres são alvos dos governistas na CPMI
Imagem: 27.jun.2022 - Evaristo Sá/AFP

Além de Torres, devem ser chamados para prestar depoimento logo no início da CPMI o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) general Augusto Heleno.

Os governistas admitem quem que será difícil evitar chamar o general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI que aparece inoperante no dia da invasão. Mas trabalharão para que ele vá na condição de convidado.

Gonçalves Dias é uma vítima, assim como nosso governo foi uma vítima. A vítima no lugar de vítima; aos investigados, o lugar de investigados."
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-líder do governo no Senado

O papel dos bolsonaristas

A oposição apostará em identificar "omissões" da gestão Lula (PT) para justificar o discurso de que o governo sabia da invasão e não fez nada para impedi-la.

Ainda não foi definido um plano de trabalho para atacar o Palácio do Planalto.

Os primeiros alvos devem ser o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), e Gonçalves Dias. Contudo, a lista de nomes será definida somente depois da indicação dos integrantes da CPMI.

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O ministro Flávio Dino estará no foco dos deputados da oposição durante a CPMI
Imagem: Lula Marques/Agência Brasil

A avaliação de deputados bolsonaristas é que a Câmara está mais bem organizada que o Senado. Enquanto os deputados da oposição já definiram quem participará da comissão —que será composta, ao todo, por 16 senadores e 16 deputados— no Senado, uma reunião acontecerá nos próximos dias para bater o martelo.

O PL da Câmara indicará na sua cota o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente e que vai "representar a família". O mesmo está sendo estudado pelos senadores. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ainda não decidiu se participará como membro do colegiado ou se atuará como parte do núcleo duro de Bolsonaro.

O que está em jogo

O deputado Pedro Uczai (PT-SC) disse que o resultado vai determinar o que a parte majoritária da sociedade vai ter como versão dos fatos de 8 de janeiro.

A CPMI foi criada ontem (26) após pressão da oposição. A autoria do pedido é do deputado André Fernandes (PL-CE).

Para que os integrantes sejam indicados, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), precisa definir o número de cadeiras de cada partido no colegiado.

Ao UOL, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a bancada de cada partido pode levar o caso à Justiça. A oposição do Senado vai se reunir apenas depois que isso for definido, para traçar um plano de trabalho.

Olha como os governistas estão desesperados para conduzir a narrativa e incriminar Jair Bolsonaro, Nós, da oposição, somos mais responsáveis. Vamos aguardar para ver a composição e fazer um plano de trabalho para conduzir os trabalhos de uma forma séria."
Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)